ATA
DA VIGÉSIMA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA NONA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA, EM
PRORROGAÇÃO, DA NONA LEGISLATURA, EM 20.01.1987.
Aos vinte
dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e oitenta e sete, reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre,
em sua Vigésima Sessão Extraordinária da Nona Sessão Legislativa
Extraordinária, em prorrogação, da Nona Legislatura. Às dezoito horas foi
realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, André
Forster, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Auro Campani, Brochado da Rocha,
Bernadete Vidal, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Elói Guimarães,
Ennio Terra, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Hermes
Dutra, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara
Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Nei Lima, Paulo Sant'Ana, Pedro Ruas, Rafael
Santos, Raul Casa, Teresinha Chaise, Valdomiro Franco, Werner Becker, e Wilson
Santos. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos
os trabalhos. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura do Ofício n.º
34/87, do Sr. Prefeito Municipal, que solicita a retirada, da presente
convocação extraordinária, do Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 18/86,
que altera o 1º PDDU e dá outras providências. Após, o Sr. Presidente respondeu
Questões de Ordem do Ver. Werner Becker, acerca do ofício do Sr. Prefeito
Municipal, acima referido. Em continuidade, o Sr. Presidente concedeu a
palavra, nos termos do Art. 81, II, do Regimento Interno ao Ver. Werner Becker,
que discorreu acerca da retirada, pelo Sr. Prefeito Municipal, do Projeto de
Lei Complementar do Executivo n.º 18/86, destacando o acerto de tal atitude,
mas lamentando a oportunidade e a forma como foi feito, destacando que os
membros da Casa receberam a notícia pela imprensa, antes do envio do ofício e
questionou os motivos de tal retirada. Criticou, ainda, o posicionamento do
Ver. Antonio Hohlfeldt, contrário ao Substitutivo, de sua autoria, ao Projeto
de Lei Complementar que impõe alterações no 1º PDDU. Ainda nos termos do Art.
81, II, do Regimento Interno, o Ver. Antonio Hohlfeldt reportou-se ao
pronunciamento do Ver. Werner Becker, hoje, sobre o posicionamento deste
Vereador relativamente ao Substitutivo ao Projeto de Lei Complementar n.º
18/86, discorrendo sobre os motivos pelos quais discorda do referido
Substitutivo. Declarou seu posicionamento favorável à retirada de tal projeto,
analisando o assunto. O Ver. Lauro Hagemann congratulou-se com o Prefeito
Municipal pela retirada do Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 18/86,
comentando a necessidade de estudos mais profundos sobre a matéria e disse
esperar quer o Sr. Prefeito não culpe a Casa pela inviabilidade da votação do
projeto que altera o 1º PDDU. O Ver. Isaac Ainhorn falou sobre a retirada, pelo
Sr. Prefeito Municipal, do projeto que altera o 1º PDDU, comentando sobre o
Substitutivo do Ver. Werner Becker ao Projeto e fazendo referência para carta
recebida pelo Executivo, subscrita por várias entidades interessadas na
matéria, onde era solicitada a retirada do Projeto. E o Ver. André Forster,
ainda nos termos do Art. 81, II, do Regimento Interno, discorreu sobre os
diversos setores e interesses envolvidos pelo Projeto de Lei Complementar do
Executivo n.º 18/86, comentando sobre sua retirada. Analisou o relacionamento
observado entre o Executivo e o Legislativo Municipal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
o Ver. Ignácio Neis criticou a administração do Sr. Alceu Collares na
Prefeitura Municipal. Atentou para a falta de diálogo entre o Executivo e o
Legislativo Municipal, lamentando o autoritarismo que vislumbra nas atitudes do
Sr. Prefeito. O Ver. Cleom Guatimozim analisou o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano de Porto Alegre, dizendo que o mesmo não tem
correspondido às exigências do atual estágio de desenvolvimento da Cidade.
Elogiou o esforço dos membros da Casa no estudo dos projetos que tramitaram na
presente convocação extraordinária. E o Ver. Clóvis Brum registrou problemas
encontrados no Projeto enviado à Casa, visando alterações no 1º PDDU,
comentando sobre o assunto e comentou sobre a falta de democracia que verifica
na administração do Sr. Alceu Collares na Prefeitura Municipal. Na ocasião, o
Sr. Presidente comunicou que passará a encaminhar à Comissão de Justiça os
pedidos para uso da palavra nos termos do Art. 81, II, do Regimento Interno,
para que essa Comissão delibere a respeito. Ainda na ocasião, o Sr. Presidente
respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Isaac Ainhorn e André Forster,
acerca da inscrição de Parlamentares para uso da palavra nos termos do Art. 81,
II, do Regimento Interno; dos Vereadores Clóvis Brum, Hermes Dutra e Caio
Lustosa, sobre comunicação, do Sr. Presidente, do envio, à Comissão de Justiça,
dos pedidos de uso da palavra nos termos do Art. 81, II, do Regimento Interno.
Foi ainda aprovada a retirada do pedido de renovação de votação do Substitutivo
ao Projeto de Lei do Executivo n.º 84/86, requerido pelo Ver. Clóvis Brum e
demais Vereadores que haviam subscrito aquele Requerimento. Em continuidade,
realizada nova chamada e constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a
ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do
Executivo n.º 86/86 que, a Requerimento aprovado do Ver. Clóvis Brum, teve sua
discussão geral e votação adiados por uma Sessão. Em Discussão Geral e Votação
Nominal, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n.º 25/86, com Mensagem
Retificativa, por quinze votos SIM contra quatorze votos NÃO, e a Emenda n.º
01, por vinte e quatro votos SIM contra cinco votos NÃO, após terem sido,
Projeto e Emenda discutidos pelos Vereadores Hermes Dutra, Caio Lustosa, Clóvis
Brum, Werner Becker, Elói Guimarães e Antonio Hohlfeldt e encaminhados à
votação pelos Vereadores Elói Guimarães, Lauro Hagemann, Clóvis Brum, Ignácio
Neis e Werner Becker. Na ocasião, foi aprovado Requerimento oral do Ver. Jorge
Goularte, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo n.º 25/86 fosse
submetido à votação nominal. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o
Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 10/86, com Emenda, após ter sido
discutido pelo Ver. Werner Becker. Foram ainda aprovados os seguintes
Requerimentos: do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando Licença para Tratar de
Interesses Particulares no período de 21 a 30 do corrente mês; do Ver. Cleom
Guatimozim, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo n.º 25/86 e o Projeto
de Lei Complementar do Executivo n.º 10/86 sejam dispensados de distribuição em
avulsos e interstício para suas Redações Finais, considerando-as aprovadas
nesta data. Ainda, o Sr. Secretário procedeu à leitura do Ofício n.º 36/87, do
Sr. Prefeito Municipal, que convoca extraordináriamente esta Casa para o
período de vinte e um a trinta do corrente mês. Após, o Sr. Presidente comunicou
que amanhã, às quatorze horas, será realizada uma reunião entre os Líderes de
Bancada da Casa, para discussão da nova convocação extraordinária. Durante os
trabalhos, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem do Ver. Werner Becker,
acerca do material enviado anexo ao Ofício n.º 34/87, do Sr. Prefeito
Municipal; dos Vereadores Isaac Ainhorn, Clóvis Brum, Werner Becker, Elói
Guimarães, Hermes Dutra, Pedro Ruas, Caio Lustosa e Nei Lima, acerca da
possibilidade de concessão da palavra aos Parlamentares nos termos do art. 81,
II do Regimento Interno; dos Vereadores Isaac Ainhorn e Getúlio Brizolla,
acerca da contagem de tempo para Vereador que estiver se pronunciando nos
termos do art. 81, II do Regimento Interno; do Ver. Aranha Filho, acerca do
Requerimento do Ver. Clóvis Brum solicitando o adiamento, por uma Sessão, da
discussão e votação do Projeto de Lei do Executivo n.º 86/86 e da data de
votação do mesmo; da Ver.ª Bernadete Vidal, acerca da nova convocação
extraordinária da Casa, no período de vinte e um a trinta do corrente mês; do
Ver. Werner Becker, acerca da impossibilidade regimental de apartes durante o
período de encaminhamento de projetos; dos Vereadores André Forster, Werner
Becker, Paulo Sant'Ana, Clóvis Brum, Caio Lustosa e Nei Lima, acerca da matéria
constante na pauta da nova convocação extraordinária da Casa e do preenchimento
ou não dos requisitos legais exigidos pela mesma; do Ver. Werner Becker, acerca
da falta de parecer ao Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 10/86. Os
trabalhos estiveram suspensos por nove minutos, nos termos do art. 84, I do
Regimento Interno, e foram prorrogados nos termos do “caput” do art. 85 do
Regimento Interno, à proposta, aprovada pelo Plenário, do Sr. Presidente. Às
vinte e três horas e dezoito minutos, nada mais havendo a tratar, o Sr.
Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Extraordinária, a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Brochado da Rocha, Gladis Mantelli e Frederico Barbosa, e secretariados pelos
Vereadores Gladis Mantelli, Frederico Barbosa, Jaques Machado e Ignácio Neis, o
último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Damos por abertos os trabalhos desta Sessão.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, V.Exa. inicia a Sessão se esquecendo do meu Requerimento.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, solicito a retirada do Requerimento de renovação de votação.
O SR. PRESIDENTE: Deferido.
Solicito ao Ver. Werner Becker que utilize o microfone a seu lado, pois
não há condições de audição.
O SR. WERNER BECKER: Na Sessão anterior, requeri
a leitura do Ofício. Isso não foi possível, pois o mesmo não havia chegado à
Casa.
O SR. PRESIDENTE: V.Exa. requereu
pronunciamento após a leitura do Ofício. Como não houve a leitura, não posso
lhe atender.
O SR. WERNER BECKER: Rogaria a V.Exa. que
apressasse tal leitura, visto que vou-me pronunciar; preciso fazê-lo, aliás, e
não quero que ocorra o que aconteceu durante a votação das eleições diretas,
quando os pronunciamentos fundamentais e a decisão fundamental se deram às 3h
por obstrução plenária, para que o povo não soubesse. Solicito que me seja dada
a oportunidade para - em muito pouco tempo, enquanto o povo estiver atento e a
imprensa tiver condições de publicar, amanhã - falar. V.Exa. maneja o Regimento
Interno magistralmente. V.Exa. há de encontrar um fundamento para que esse meu
pronunciamento não seja efetuado ao fim da noite, com a Casa desabrigada e
talvez até sem “quorum”.
O SR. PRESIDENTE: Atenderei V.Exa. de pronto,
mas, por dialogar com V.Exa., indisponho-me com a analogia feita de que esta
Presidência pudesse proceder como aqueles cavalheiros que V.Exa. aludiu. E,
para provar em contrário, repelindo, solicito ao Sr. Secretário que proceda à
leitura do Requerimento que só agora foi processado, lembrando a V.Exa. que a
analogia feita não corresponde com o procedimento desta Mesa.
O SR. WERNER BECKER: Foi apenas um alerta
amistoso. Se V.Exa. me entendeu de outra forma, escuso-me.
O SR. PRESIDENTE: Rigorosamente, não entendi
de forma nenhuma, apenas quero deixar claro para efeitos taquigráficos. Rogo ao
Sr. Secretário que proceda à leitura do Ofício do Sr. Prefeito.
O SR. 2º SECRETÁRIO
(Frederico Barbosa): (Lê o ofício.)
"Of. n.º 034/GP
Paço dos Açorianos, 20
de janeiro de 1987.
Senhor
Presidente:
Dirijo-me a Vossa Excelência a fim de solicitar seja retirado o PLCE
n.º 18/86 - que modifica a Lei Complementar n.º 43, de 21-07-79, que instituiu
o Primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, e dá outras providências -
encaminhado a esse Legislativo através do Of. n.º 710/GP, de 11-12-86,
restituindo-o ao Executivo Municipal, a fim de ser objeto de reexame, tendo em
vista o Substitutivo apresentado pela Comissão Especial da qual é Relator o
Vereador Werner Becker, em razão da forte discussão e polêmica geradas que
obrigaram diversas entidades representativas de classe a solicitar a
oportunidade de um debate maior e mais profundo sobre a matéria, dada sua
complexidade.
Em anexo, estou encaminhando cópia dos requerimentos encaminhados a
esta Prefeitura pelas entidades supracitadas.
Contando com a atenção de Vossa Excelência, envio-lhe, na oportunidade,
minhas cordiais saudações.
(a) Alceu Collares,
Prefeito."
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Eu perguntaria se a Mesa tem junto os anexos referidos. Eu tenho interesse, já
que sou citado nominalmente.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, a leitura poderá
ser feita, mas é longa.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, o CREA também assina?
O SR. PRESIDENTE: Assina.
Solicito à Sra. Secretária que proceda à verificação de “quorum”.
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: Procede à chamada nominal
dos Srs. Vereadores para verificação de “quorum”. Há “quorum”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Werner Becker, nos termos do art. 81, II, do Regimento Interno.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Srs. Funcionários da Casa, Srs. Funcionários da Secretaria de
Administração e Planejamento aqui presentes. Antes de mais nada, em face dos
termos do Ofício de retirada, quero ler o telex que passarei às mãos de todos
os meus companheiros Vereadores e que recebi agora. (Lê.) “Ao gabinete do
Vereador Werner Becker, Câmara dos Vereadores, Líder do PSB. Face declarações a
mim atribuídas, reitero ao companheiro as manifestações de apreço e confiança,
pessoal. Fúlvio Celso Petracco.”
Mais tarde, para “exestimatio” pessoal meu, quero esclarecer a
contradição entre a subscrição deste Requerimento aqui anexado e este telex a
mim enviado. Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, houve-se bem o Sr. Prefeito
em retirar da Pauta o Projeto que modifica o Plano Diretor, porque este
Vereador e vários outros, antes do encerramento da Sessão Legislativa
Ordinária, já apelavam ao Sr. Prefeito para que estas modificações no Plano
Diretor não fossem oferecidas em Sessão Extraordinária. As notas taquigráficas
estão aqui presentes e a imprensa noticiou com alarde. Ouvidos moucos fez o Sr.
Prefeito e, tão logo enviada a esta Câmara a convocação com o Projeto de Lei
alterando o Plano Diretor, fui a um debate de televisão e instei o Sr. Prefeito
que explicasse de público porque tinha colocado aquela matéria, e prometeu ele,
ao jornalista Daudt, que estaria disposto ao debate para explicar. Fugiu, até
hoje, ao debate. Reitero que a advertência de que não deveria ser a alteração
do Plano Diretor incluída em Sessão convocada extraordinariamente foi feita por
mim. E, com espanto, recebi esta inclusão. Não atinei com os interesses que
levaram o Sr. Prefeito a incluir esta alteração na Convocação Extraordinária.
Dá-me o direito, também, de não atinar com os interesses que fazem com que o
Sr. Prefeito, hoje, no último dia, retire - pelo rádio, sem ter a cortesia de
comunicar anteriormente à Casa - o mesmo Projeto. Não deve ter razões, porque
ele se nega a discuti-las. Deve ser interesse que ele é obrigado a esclarecer.
Já que no Ofício refere-se ao meu nome e, portanto, integrante desta
Casa, achei que seria do interesse colegiado alguns esclarecimentos.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Consoante dispositivo regimental, art. 81, prevê-se, para o tipo de
manifestação do Ver. Werner Becker, dez minutos regimentais e observo que a
Mesa recém começou a contar o tempo... Está funcionando o relógio?
O SR. PRESIDENTE: Só se o relógio parou, mas
esta Presidência ligou o relógio.
O SR. ISAAC AINHORN: Solicito e requero que se
encontre alguma forma para contagem do tempo do Ver. Werner Becker.
O SR. PRESIDENTE: Mais ainda: vou submeter o
relógio a um rigoroso exame.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Peço que pare o relógio, porque se trata de uma Questão de Ordem. Parecer da
Comissão da Justiça, subscrito pelo Ver. Isaac Ainhorn, e peço que na próxima
interferência do Ver. Isaac Ainhorn, no meu pronunciamento, V.Exa. o advirta e,
em seguida, tome as providências que o Regimento determina, porque não vim aqui
para ser alvo de suspeitas. Posso ser alvo, até, da fiscalização de V.Exa.,
fiscalização que não lhe dou autoridade moral, porque resolveu até fiscalizar o
meu tempo e o relógio da Presidência. Então, quero invocar que V.Exa., nesse
parecer, subscrito por ele, disse que, em Sessão Extraordinária, não será
necessário, rigorosamente, obedecer aos preceitos dos procedimentos das
ordinárias. Agora, se a verdade que eu disser for tão candente que sensibilize
o Ver. Isaac Ainhorn, a ponto de censurar o meu tempo, as coisas começam-se
censurando, começam por censurar a opinião e, depois, por prender, depois por
cassar e mandar matar. O Ver. Isaac Ainhorn, como prossegue, começa muito bem
nessa sua nova atividade. Era uma Questão de Ordem, peço que remonte o tempo e
peço que seja respondida.
(Lê.) “A diferença fundamental entre o projeto do Executivo e o
substitutivo apresentado é que o segundo ataca os pontos fundamentais que
impedem a reativação da indústria da construção civil em Porto Alegre, enquanto
o projeto do Executivo, a pretexto de fazê-lo, cria um emaranhado de
procedimentos burocráticos e casuísticos, semelhante às meras continuações dos
processos da SPM ao tempo do Dr. João Antonio Dib, tão criticado pelos integrantes
mais radicais desta Casa. Vejamos singularmente um fato sobre aqueles que
assessoravam o Sr. Prefeito. Lamento o costume do Ver. Antonio Hohlfeldt - a
não ser que eu esteja equivocado - em não prestar atenção aos pronunciamentos,
a não ser que sejam os dele próprio, porque vou referi-lo nominalmente. Mas
chamo a atenção a um fato: aqueles que assessoravam o Sr. João Dib são os
mesmos que, ontem, assessoravam o Ver. Antonio Hohlfeldt em seu gabinete. Se os
assessores são os mesmos, os objetivos serão os mesmos, embora se tente
escamotear essa identidade com a mágica boba de uma semântica progressista. Não
enganam a mais ninguém. São os mesmos assessores e os objetivos devem ser os
mesmos. Mudou o Sr. João Dib ou mudou o Ver. Antonio Hohlfeldt? Ou encontraram
um ponto em comum?
Algumas coisas precisam ser esclarecidas com mais transparência nesta
Administração.
O conteúdo do Projeto do Executivo, ao permitir, após análises, caso a
caso, mudanças no regime urbanístico, não difere muito, no conteúdo, do
substitutivo, porém, aprisionado pela camisa-de-força dos burocratismos. Tal
método não se encaixa com a dinâmica de um indústria qualquer e, portanto, não
ataca, como referimos, os principais pontos de estrangulamento que, hoje,
impedem a geração de emprego e produto, por parte da indústria de construções
na Capital.
O estabelecimento de parâmetros gerais, aplicáveis a todos, é um método
muito mais adequado, seguro e demonstrativo do que o subjetivismo é muito mais
defensável moralmente e muito mais manejável por interesses singulares e muitas
vezes criminosos.
E uso o adjetivo criminoso definido pensadamente e não impensadamente e
levianamente como o usou, hoje, na Sessão da Comissão, o Ver. Antonio
Hohlfeldt.
Após seis anos de vigência do atual Plano Diretor, todos os segmentos
sociais divergem ou convergem episodicamente, mas como será repetido
posteriormente no relatório, há um ponto de convergência entre todos ao ponto
de ser evidenciado o defasamento desta qualidade de vida em relação a outras
cidades do País que não foram cerceadas no seu desenvolvimento sócio-econômico
pela normatividade vigente.
Hoje, em Porto Alegre, os dados disponíveis sobre a economia do
Município e da população, indicam claramente que a Cidade passa por uma
deprimente crise.
Neste momento, a renda agregada ao Município, hoje, é a mesma em
valores constantes, do que há quatro ou cinco anos, conforme se constata da
arrecadação em valores reais no Imposto de Circulação de Mercadorias e também
no volume arrecadado no setor terciário mediante a mensuração anual também de
seus valores reais.
Por outro lado, se este quadro se assemelha ao mesmo dos outros Estados
da Nação, ressai cada vez mais que a crise de Porto Alegre atinge a níveis
ainda mais críticos do que os de outras regiões situados especialmente no
centro do País.
De outra parte, as soluções para esta sensível e dramática situação
política e social não podem pagar o preço de transformar a Cidade num
assentamento desordenado, fruto de uma liberação absoluta dos índices de construção
ao sabor dos interesses especulativos que, se atendidos, transformarão a Cidade
num inferno ambiental que atingiria a qualidade de vida diária de um a um dos
seus habitantes.
Uma reflexão se faz necessária: em Porto Alegre não se desmerecem
providências extremamente salutares do movimento ecológica, mas não se
desconhece, também, que o grupo dos que o compõe abriga também pessoas
pertencentes a segmentos sociais que pretendem impedir o crescimento da Cidade,
mantendo segmentos carentes em sua periferia, para que Porto Alegre permaneça
um burgo ameno àqueles que pretendem desfrutar uma existência ainda ligada às
comodidades, valores e privilégios característicos de uma mentalidade
aristocrática-feudal, alérgica ao convívio diário com as grandes massas.
Às elucubrações teóricas de discutíveis interesses ideológicos, a
Câmara de Vereadores, representante do povo de Porto Alegre, deve preferir a
candente e enfática manifestação do Presidente do Sindicato dos Trabalhadores
da Indústria da Construção Civil, que abaixo se transcreve e, no processo
seguinte, com todas as notas taquigráficas dos debates que se travaram nesta
Casa.”
Lerei alguns trechos. Não digo que os subscreva totalmente. Levem em
conta, Srs. Vereadores, que este pronunciamento é feito com a semântica
precária do trabalhador que não teve o acesso da condução cultural, que permite
se expressar com precisão. Não posso, evidentemente, endossar todas essas
palavras, quando diz: “A nós, trabalhadores, não interessam as alturas, não
interessam os índices. Nós queremos emprego, nós queremos salário.” Mas
entendam V.Exas. que isto é fruto, e com semântica operária, enfatizado pelo
desespero e pela fome, fruto do desemprego que atinge hoje 95% da massa de
trabalhadores. É pena a censura do tempo. Ah!, se vigorarem os esquemas em que
estão inseridos alguns que me censuram o tempo para todo o País! Muito
certamente, através de outras pessoas, vigorarão outros esquemas de censura e
tolhimento à liberdade.
Peço mais um pouco de tolerância à Casa, não é muito, para que possa
concluir o meu pensamento.
Embora as advertências feitas ao Sr. Prefeito, de que não deveria
incluir na Convocação Extraordinária esta matéria, ele a incluiu. Entretanto,
pode-se afirmar, enfaticamente, que talvez a matéria debatida mais ampla e
democraticamente por todos os setores, por mais longo espaço de tempo, é a que
trata da presente questão.
O Ver. André Forster, há dois anos passados, com a participação de
todos os segmentos da sociedade, convocou um Seminário sobre Plano Diretor, onde
se debateu amplamente todos estes assuntos e todos que tiveram interesse, que
podiam confessar de público, participaram do debate. E o Ver. André Forster
publicou para toda a população as conclusões desse Simpósio. E ainda, tão logo
apresentado, em período açodado, esse Projeto, em Convocação Extraordinária,
teve o Relator o cuidado de solicitar três reuniões com todas as entidades de
classe para que manifestassem suas opiniões. Estão aqui no meu processo estas
manifestações nas suas cópias taquigráficas. Nada nesta Cidade foi tão
discutido quanto o Plano Diretor, mas continuo afirmando que não sei que
interesses levaram o Sr. Prefeito, só há duas horas antes do encerramento do
início da última Sessão, a retirar o Projeto. Tem a obrigação de revelar esses
interesses como tem a obrigação de revelar os interesses que obrigaram a
apresentá-lo. Para finalizar, espero ao menos que, em nome da confiança, o Sr.
Prefeito entenda que a questão do aumento das tarifas não é urgente para o povo
de Porto Alegre e que é uma causa extremamente complexa e não pode ser remetida
em Convocação Extraordinária, porque senão a Câmara há de indagar que
interesses levam o Sr. Prefeito a considerar alguns de urgência, alguns de
não-urgência; alguns complexos e outros simples. Mas tenho uma apreciação final
que quero levar a este Plenário. O Sr. Prefeito mandou deliberadamente. O Sr.
Prefeito pode pedir, está pedindo deliberadamente e é esta comunicação que
faço: projetos de inviável aprovação e projetos dos quais ele não quer aprovação
e, ao sentir o perigo de que alguns podem ser aprovados, ele os retira. Por
quê? Porque já se deu conta agora, talvez tardiamente, de que a Cidade deu-se
conta de que não tem a menor competência para administrar esta Cidade e quer
debitar a incompetência de seus dois últimos anos à Câmara de Vereadores de
Porto Alegre, dizendo que ela lhe nega os pedidos descabidos que ele mesmo não
quer que sejam aprovados.
Essa é a comunicação. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Líder do PT havia
requerido tempo de Liderança. Ouço o Requerimento, mas não estou contando o
tempo do Ver. Antonio Hohlfeldt. Ouço V.Exa. para o Requerimento.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Gostaria, Sr. Presidente, com fundamento no mesmo dispositivo invocado pelo
nobre Ver. Werner Becker, requerer, na forma do inciso II do art. 81, a
oportunidade de manifestar-me por dez minutos, da tribuna. Sou grato a V.Exa.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, "data venia", o Ver. Werner Becker solicitou o tempo
regimental de dez minutos para trazer ao conhecimento da Casa uma comunicação
urgente e inadiável. Requer o Ver. Isaac Ainhorn o mesmo dispositivo que nós
todos entendemos não proceder, porque do assunto a Casa já tomou conhecimento
através da comunicação feita pelo Ver. Werner Becker. Portanto, discordamos do
pedido, sob pena de todos os Vereadores terem o mesmo amparo.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa se sente
constrangida em não conceder a palavra ao Sr. Líder do PT em tempo de
Liderança, eis que, pela natureza do tempo requerido, é absolutamente
prioritário. A Mesa gostaria de não ser inibida de dar cinco minutos ao
Vereador-Requerente, Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Apelo ao Ver. Clóvis Brum, Líder do PMDB, do qual participei e do qual
discordei, que não esqueça a tradição libertária desse Partido e que retire a
sua Questão de Ordem, em consonância com o princípio maior do seu Partido, que
é o direito amplo de expressão.
O SR. CLÓVIS BRUM: Desde que a Presidência da
Casa dê a este Vereador dez minutos, nos mesmos termos regimentais.
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, a Mesa tem
duas prioridades: a primeira é dar a palavra ao Ver. Antonio Hohlfeldt e,
depois, ela dirimirá a questão, dentro dos princípios de isonomia e da melhor
forma de direito, adotando critérios próprios que devem nortear os trabalhos.
Com a palavra, o Sr. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente,
respeitosamente, solicitarei a V.Exa., e me sinto, de qualquer forma, agradecido
a V.Exa. pela deferência, que primeiro defira e resolva a questão, para que eu
não seja prejudicado, se, eventualmente, houver uma decisão coletiva em relação
aos dez minutos.
O SR. PRESIDENTE: A decisão da Presidência é
a seguinte: concederá dez minutos, por princípio de isonomia, a todas as
Bancadas que designarem os seus membros.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, o fundamento do art. 81, um dispositivo invocado que serviu de
base para se deferir o tempo ao nobre Ver. Werner Becker é: “O Vereador terá a
sua disposição, além do disposto nos artigos 73 e 76 deste Regimento, dez
minutos em casos especiais, não previstos neste Regimento e deferidos pelo
Presidente”. Portanto, apelo a V.Exa. para que, democraticamente, no pleno uso libertário
do exercício da palavra, para cada um destes 33 Vereadores se assim o
entenderem... O Vereador, independentemente da Bancada, poderá fazer uso da
palavra, tendo em vista a relevância do tema que está sendo tratado.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa vai responder caso a
caso. A Mesa não tem consigo o princípio de não atender aos Srs. Vereadores.
Tentamos, sempre, adotar um princípio equânime. Mas, em face da manifestação do
Ver. Isaac Ainhorn, a Mesa abre indiscriminadamente a todos os Vereadores a
oportunidade, a todos, presentes ou ausentes que poderão ser presentes em
potencial...
O SR. ELÓI GUIMARÃES
(Questão de Ordem): Gostaria de colaborar com a Mesa e apelar ao bom senso do Plenário.
Nós, em que pese a liberalidade da Mesa, estamos subvertendo a ordem, e a
subversão da ordem nos levará ao caos. Então, neste sentido, penso que não
devemos debater matéria que já está transitada em julgado, que é fato
concretizado. A manifestação, com o devido respeito, da Liderança do PSB não
encontra assento no Regimento Interno. Apelaria a V.Exa. que delegasse a
formulação feita, inclusive, pelo meu companheiro da de Bancada, Ver. Isaac
Ainhorn; é um apelo que faço ao bom senso da Casa, porque vai levar à subversão
e a um verdadeiro caos e porque não vamos vencer as matérias aqui colocadas. É
um apelo que faço a V.Exa. e a todos os companheiros.
O SR. HERMES DUTRA (Questão
de Ordem):
Prefiro ser um pouco mais prático e requereria a V.Exa., como temos mais
projetos importantes a serem discutidos e não podemos perder tempo com matéria
vencida, fato consumado, que não nos levará a nada...
A Mesa tomou a decisão de ceder a palavra ao Ver. Werner Becker,
baseada no Regimento Interno que, certo ou errado, não me compete discutir. Mas
solicito a V.Exa. que aplique o Regimento Interno e, como tal, passemos à
matéria constante na Ordem do Dia. Sou grato.
O SR. PEDRO RUAS (Questão de
Ordem):
“Data venia” do nobre Ver. Hermes Dutra, a Mesa também decidiu sobre a Questão
de Ordem levantada pelo Ver. Isaac Ainhorn, que também transitou em julgado, ou
seja, conceder o mesmo tempo dado ao Ver. Werner Becker. Já há decisão da Mesa
nesse sentido.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM
(Questão de Ordem): Não faço esta manifestação como Líder e sim como Vereador. A impressão
que tenho é de que a manifestação do Ver. Werner Becker se justificava, por ser
ele o Relator da Comissão, solicitado no Ofício do Sr. Prefeito Municipal e que
tinha um fundamento. Agora, se a Mesa abrir dez minutos para cada Vereador,
quando a matéria prioritária, constantemente publicada nos jornais, fica como
secundária, eu tenho a impressão de que vai haver, efetivamente, uma subversão
da Ordem do Dia. Agora, se a Mesa, primeiro, vencesse as matérias, depois,
então, poderiam os Vereadores que desejassem ficar e ouvir os “cantos da
sereia”.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT
(Questão de Ordem): Abro mão do tempo de dez minutos e peço apenas a Liderança.
O SR. CAIO LUSTOSA (Questão
de Ordem):
Tentando contribuir, não sei se serei compreendido. Para a dinâmica dos
trabalhos, acredito que, por uma razão de eqüidade, desse ao Líder do Partido
dos Trabalhadores o mesmo tempo usado pelo Líder do PSB. Apelo também para as
outras Bancadas, sem querem cercear o direito de ninguém. V.Exa., pelo art. 81,
pode dar a palavra a qualquer Vereador que solicitar.
Apelaria a V.Exa. que se cingisse às solicitações da forma como já foi
feito e às outras que necessariamente têm vínculo com a manifestação anterior.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Primeiramente, quero cumprimentar a decisão democrática da Mesa no
encaminhamento deste assunto. Em segundo lugar, de minha parte, e acredito que
expresso o pensamento da minha Bancada, também para fins de economia, acho que
deve ser um por Partido.
O SR. PRESIDENTE: É a idéia original, por um
princípio de eqüidade e por estabelecer a isonomia. Por isto, retomo à decisão
anterior, espelhando os desejos do Plenário.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Desejo colaborar com V.Exa. e com o bom andamento dos trabalhos. Acho que temos
uma Ordem do Dia a vencer nesta Sessão Extraordinária e, ao que sei, haverá uma
outra Sessão Extraordinária logo a seguir. Portanto, desposo, Ver. Isaac
Ainhorn, a sua tese de que sejam dados dez minutos por Bancada, para que os
utilize como desejar.
O SR. PRESIDENTE: Agradeço aos meus colegas e
colocamos a palavra à disposição das Bancadas. Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt pelo PT.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o que eu tenho a colocar acredito que não ocupe dez minutos. Em
primeiro lugar, eu queria deixar claro que as diferenças entre mim e o nobre
Ver. Werner Becker não são pessoais, mas ideológicas. Daí, inclusive, a
vantagem de, a partir de hoje de manhã, nós mantermos um tratamento formal
entre nós, porque isso evita, evidentemente, qualquer ilação do tipo de
desincompatibilidades ou incompatibilidades em nível pessoal. Para mim, a
questão é política e é em nível político que pretendo discutir. Em segundo
lugar, ao ouvir ontem leitura de parte da justificativa apresentada pelo
Relator do Projeto, realmente marcava pelo menos dois dados de inconformidade
que, no meu entender, deturpavam e manipulavam manifestações feitas
anteriormente neste Plenário por entidades, entre as quais o Sindicato dos
Trabalhadores na Construção Civil e a AGAPAN, ambas repetidas pelo Relator há
poucos instantes. Portanto, não ouvi mal; ouvi bem! Em terceiro lugar, tive
oportunidade, e repito de público, de dizer, com todo respeito que me merece
cada Vereador nesta Casa, mas com a firmeza que me exige a minha posição de Vereador,
que considerei este Projeto apresentado em substituição ao original como um
Projeto moralmente criminoso, contrário aos interesses da Cidade de Porto
Alegre e da sua população e, por isso, votei contra e me sinto orgulhoso de,
defendendo o mandato que jurei preservar ao longo de seis anos, ter buscado a
mobilização da opinião pública e das entidades que representam a opinião
pública desta Cidade. Não sei de interesses que mobilizaram o Sr. Prefeito a
enviar ou a retirar e o Relator a enviar, a propor ou não substitutivos ou
projetos originais. Sei da leitura objetiva, técnica que fiz com companheiros
da minha assessoria, com assessores da Secretaria do Planejamento Municipal e
com outras pessoas, representantes de entidades, que, desde ontem, especialmente,
nos dedicamos, ao longo de toda esta madrugada, a tomar conhecimento do
conteúdo formal do Projeto, que nos levou à posição clara e inequívoca de
contrariedade ao Substitutivo como um todo. Quero deixar claro, inclusive em
respeito ao Ver. André Forster, que não estou comentando emendas em particular
ou propostas em particular; estou comentando o resultado final que teria,
independente de emendas terem sido, já, acrescentadas, aceitas ou não, ao
Projeto. Quero, por outro lado, discordar formalmente do nobre Ver. Werner
Becker, quando tenta acusar de participação em governos anteriores aos senhores
assessores. A vigir esta posição, nós deveríamos, a cada novo Prefeito, demitir
todos os funcionários públicos municipais porque todos, por obrigação, participam
da administração de cada Prefeito. Vou, inclusive, lembrar que, quanto à
questão de prazo, tivemos mais de uma, das tantas discordâncias do Ver. Werner
Becker e eu. O Vereador pedia mais um prazo, em torno de 10 dias, eu pedia,
junto com as entidades neste Plenário, no primeiro dia de debate público, na
terça-feira de manhã, a transferência da votação para março. É bom que fique
bem gizada essa colocação.
Por fim, a todos os companheiros, das entidades que nos acompanharam
nessa luta, digo que não se trata apenas de dizer que o Substitutivo é terrível
e o da Prefeitura é menos mau. Temos profundas diferenças com o Projeto enviado
pelo Executivo, à custa de um árduo trabalho efetuado, na sexta-feira, que, no
meu caso pessoal, desenvolvi com companheiros das entidades com representantes
de alguns outros Vereadores, como Caio Lustosa, Adão Eliseu e Rafael Santos,
onde conseguimos chegar a algumas questões básicas de consenso que seriam
sanadas através de emendas e que nos deixavam menos preocupados. Conseguimos,
por exemplo, ter posição de maior clareza em relação ao Fundo de Investimentos.
Não fomos apenas contrários e de oposição. Sobretudo, em nenhum momento,
defendemos a imposição de um Projeto que evidentemente não foi feito de última
hora e que veio, com toda a certeza, com endereço certo e que foi apresentado a
esta Casa em termos de substitutivo e que realmente não atende ao interesse de
ninguém desta Cidade, a não ser de determinados setores que nós identificamos
muito bem.
Aqui, de público, na condição de Líder do PT, expresso o meu apoio e,
inclusive, por uma questão de justiça ao Sr. Prefeito Alceu Collares, de quem
tenho discordado muitas vezes, mas em quem reconheço sobretudo a coragem e a
humildade de voltar atrás quando entende que isso é mais importante para a
Cidade do que um evento ao orgulho de primeiro mandatário desta Capital.
Participei do grupo que foi ao Sr. Prefeito pedir a retirada do Projeto e não
me arrependo disso e sei que não devo arrepender-me disso porque eu prometi
defender esta Cidade. Posso errar, mas vou errar com a absoluta coerência de
quem tentou acertar e numa coisa eu tenho tranqüilidade: a nossa posição
realmente defende o interesse da Cidade, não sei a de quem defendeu o
Substitutivo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Lauro
Hagemann por dez minutos.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
A Questão de Ordem se cinge ao seguinte: tendo em vista a dúvida do Ver. Isaac
Ainhorn em relação ao horário e ao relógio e tendo em vista a letra expressa da
L.O.M. que diz que a convocação deve ser aprazada e deve ser determinada
especificamente, pediria que V.Exa. tomasse as providências mecânicas
necessárias para averiguar as condições do relógio, de marcar exatamente a
meia-noite de hoje porque, por disposição expressa do Regimento Interno desta
Casa, tem que terminar à meia-noite de hoje, votado o que votado for. Em nome
da Lei Orgânica, será argüida a ilegalidade e a inconstitucionalidade sobre
tudo o que for votado e sobre tudo o que for discutido a partir da meia-noite.
Já requero que a presente Sessão seja encerrada exatamente à meia-noite.
O SR. PRESIDENTE: O Regimento Interno será
obedecido.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Assim como está sendo assegurada a aplicação da letra fria do Regimento Interno
ao Ver. Werner Becker, este Vereador estava inscrito logo após o Ver. Antonio
Hohlfeldt.
O SR. PRESIDENTE: Enquanto não houver
silêncio no Plenário, a Mesa não tem condições de ouvir. Encareço aos Srs.
Vereadores o silêncio.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Havia inscrições feitas pela Sra. Secretária. Logo após o Ver. Antonio
Hohlfeldt, eu me encontrava inscrito. Assim é que solicito que me seja
assegurada a inscrição com base no inciso VIII do art. 81 do Regimento Interno.
Só gostaria que V.Exa. observasse a inscrição da Sra. Secretária.
O SR. NEI LIMA (Questão de
Ordem):
Tendo em vista que havia um rol de Vereadores inscritos, até com duplicidade de
Vereadores do mesmo Partido, posteriormente, foi aprovado pelo Plenário que as
Lideranças encaminhariam baseadas no art. 81 do Regimento Interno. Acredito que
o encaminhamento, a partir deste momento, não cabe à Liderança; cabe encaminhar
por Partido, cabe aos Líderes partidários.
O SR. CLÓVIS BRUM: Ouvi a manifestação do Ver.
Elói Guimarães, do Ver. Hermes Dutra e de outros Vereadores e concordamos com a
decisão de V.Exa. de dar dez minutos para cada Bancada. Três Vereadores
encaminharam dentro da decisão de V.Exa. Fico com a decisão de V.Exa. Sou
grato.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa responderá após o
Ver. Lauro Hagemann à tribuna.
Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. A excitação que tomou conta da Casa, na tarde de hoje, é natural.
Mas eu apelaria ao bom senso dos Vereadores, embora o cansaço que nos assola,
para que levássemos esta questão a um bom termo. Ninguém quer cercear a opinião
de ninguém. Nós temos que aplaudir a decisão do Sr. Prefeito Municipal, embora
vinda tardiamente, porque desde o primeiro instante em que se esboçou a
possibilidade de esta Casa vir a ser convocada para examinar projetos que se
anunciavam de suma importância, as várias Lideranças Partidárias, com assento
nesta Câmara, se manifestaram preocupadas com o açodamento que viria a presidir
o encaminhamento destes trabalhos. Nós não temos bola de cristal para adivinhar
as coisas, mas temos, até por efeito de nossos cabelos brancos, a possibilidade
de prever alguns acontecimentos. E não foi outra coisa que sucedeu. O Sr.
Prefeito teve que sofrer a pressão, não só da Casa, mas principalmente das
entidades que compõem o espectro social de Porto Alegre, na sua mais ampla
representatividade, para que tomasse esta decisão. É inegável, para cada
cidadão de Porto Alegre, que tipo de interesses movem projetos da natureza
deste. Não estamos aqui como o censor Catão, mas é preciso que a Cidade saiba
que, numa hora destas, o açodamento é conduta fácil para o trânsito de certos
interesses que, por certo, não são os da maioria da população. O Sr. Prefeito
Municipal agiu bem retirando da Ordem do Dia e da apreciação da Casa nesta
Sessão Extraordinária, dois projetos importantes: o que cria a participação
popular na Administração e este que altera o 1º PDDU. Mas ele não pode, logo
mais ou amanhã, dizer que foi culpa da Casa - e isto é preciso ficar bem claro.
O Sr. Prefeito Municipal foi avisado, e suficientemente avisado, de que o
açodamento teria resultados desse tipo e agora S.Exa. reconhece o acerto das
advertências, mas me preocupa que amanhã ou depois ele vá dizer que foi esta
Casa que inviabilizou a apreciação desses projetos. Não foi por culpa desta
Casa. O Executivo, com a instrumentalização que tem, examinou por largo período
os projetos enviados, e nós teremos a obrigação de, em 15 ou 20 dias, apreciar
e debater com as entidades aquilo que S.Exa. e sua equipe haviam arquitetado
durante muito tempo. É preciso que isto fique bem claro: a Casa não tem culpa
do açodamento do Executivo. A premência de tempo nos obrigou a esta conjuntura
porque, ao final e ao cabo, é a esta Câmara que cabe a última palavra em
projetos de tal magnitude. Repito mais uma vez: não tivemos o tempo suficiente
para debater com as entidades e houve até uma informação de que os debates
travados no Executivo não tinham sido traduzidos fielmente nos projetos
enviados a esta Casa. Havia alterações que não tinham sido objeto de apreciação
ou de consenso nas discussões preliminares. Já disse e repito mais uma vez: não
estou aqui como censor Catão. Acredito nos técnicos municipais. Todos são
cidadãos exemplares, dedicados às suas tarefas com a obrigação de zelar pelos
interesses da comunidade, mas nós somos a última instância de deliberação e a
nós, talvez a nós mais do que aos outros, compete o dever de preservar os
interesses da Cidade, o interesse dos cidadãos e não de grupos de cidadãos
desta Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Pergunto a V.Exa. se me assegura, nos termos do art. 81 do Regimento Interno,
bem como do disposto no art. 78 deste Regimento, usar o tempo para assunto de
alta relevância ou informar a este Plenário, deferindo o meu pronunciamento e
de mais cinco Vereadores de minha Bancada. Por essa razão, Sr. Presidente, e se
V.Exa. não deferir ou não der o tempo requerido ao Vereador, em conformidade
com o Regimento, estará extrapolando esse mesmo Regimento.
O SR. PRESIDENTE: Diria que estou me
referindo à proposta feita pelo Vereador e depois pelo Ver. Elói Guimarães. De
tal sorte que pediria a V.Exa. que permitisse à Mesa levar os trabalhos
adiante.
O SR. ISAAC AINHORN: Gostaria que V.Exa.
assegurasse a minha inscrição, assim como o fez, de acordo com o art. 81, ao
Ver. Werner Becker.
O SR. PRESIDENTE: Sim, não só a ele, mas
também como deferi ao Ver. Lauro Hagemann e outros.
Estão suspensos os trabalhos pela impossibilidade de o continuarmos,
tendo em vista a falta de energia elétrica.
(Os trabalhos são suspensos às 19h06min.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha - às 19h13min): Estão reabertos os trabalhos.
Solicito aos Srs. Vereadores que ocupem as suas tribunas.
A Mesa faz, inicialmente, uma comunicação ao Plenário de que formará
jurisprudência daqui por diante. O tempo utilizado pelo art. 81 do RI, inciso
II, só o será após consulta, a respeito, à Comissão de Justiça da Casa. Esta
decisão está fazendo parte dos Anais. Os pedidos serão submetidos à Comissão de
Justiça, que se pronunciará a respeito.
Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ANDRÉ FORSTER (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, queria fazer uma pergunta de vez que este Vereador ficou uma
dúvida. Se o Ver. Isaac Ainhorn fala pela Bancada do PDT ou fala em caráter
pessoal.
O SR. PRESIDENTE: Fala com base no Regimento
Interno, no caso, conforme já foi explicado.
O SR. ANDRÉ FORSTER: Pergunto, então, se com
base neste pressuposto, cada Vereador poderá invocar o mesmo dispositivo
regimental para usar da palavra.
O SR. PRESIDENTE: A partir do dia de hoje,
toda a vez que um Vereador invocar este dispositivo, a Presidência recorrerá à
Comissão de Justiça, a qual julgará a conveniência ou não da aplicação do
inciso II do art. 81 do Regimento.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, ainda não fiquei bem esclarecido, gostaria que a Mesa fosse
condescendente com este Vereador no sentido de esclarecer a decisão da Mesa se
irá conceder ao Ver. Isaac Ainhorn e aos demais Vereadores que requererem o
art. 81 na Sessão de hoje.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa já respondeu
explicitamente ao Ver. André Forster. Todos os que requererem o art. 81, hoje,
terão guarida na Mesa. É uma decisão final. Só aceito manifestações divergentes
caso impugnem o ato e mandem para a Comissão de Justiça. No futuro não
concederei sem audiência prévia à Comissão de Justiça, que examinará caso a
caso.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Preliminarmente, requeiro a V.Exa. a ouvida da Comissão de Justiça sobre a
decisão da Mesa com a qual não concordo. Em segundo lugar, quero apelar aos
Vereadores que se inscrevam aqueles que necessariamente precisem comunicar
algum caso urgente, como o Ver. Isaac Ainhorn vai comunicar daqui alguns
minutos para que possamos vencer a Ordem do Dia.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa acolhe
carinhosamente a manifestação de V.Exa.
O SR. HERMES DUTRA (Questão
de Ordem):
Eu quero entrar com recurso contra a decisão da Mesa de que necessita ouvir a
Comissão de Justiça a cada solicitação do art. 81. Acho que a Mesa não está
querendo assumir a sua obrigação que é a de zelar pelo Regimento Interno.
Diante da decisão da Mesa, que não discuto mas não aceito, recorro à própria
Comissão de Justiça para que diga o óbvio: que a Mesa deve tomar as decisões
com o conseqüente ônus.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa já está fazendo este
Requerimento para a Comissão de Justiça, portanto, adentrarei a manifestação do
Ver. Hermes Dutra a da própria Presidência.
O SR. CAIO LUSTOSA (Questão
de Ordem):
Nos termos regimentais, nós solicitamos que o Ver. Hermes Dutra formalize, por
escrito e fundamentalmente, se possível, seu recurso contra a decisão da Mesa
que, após protocolar o Requerimento e dar-lhe o devido processamento,
encaminhará, pelas vias burocráticas, à Comissão de Justiça para estudo e
decisão.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
“Data venia”, tenho pelo Presidente da Comissão de Justiça, Ver. Caio Lustosa,
um carinho todo especial; entretanto, sou obrigado a discordar do seu
enunciado, porque este Vereador já recorreu, “ex officio”, à Mesa para
encaminhar as notas taquigráficas para o Presidente nomear um relator e fazer o
trabalho.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa encaminhará toda a
matéria à Comissão de Justiça.
O SR. CAIO LUSTOSA: Por escrito! Pelo jeito, a
Comissão de Justiça vai ficar sobrecarregada de problemas que esta Casa, por
seu Plenário, não consegue resolver. Se o Plenário se ajustasse melhor ao
Regimento Interno, evitaria essas questões protelatórias e burocráticas. “Data
venia”, V.Exa. deveria aplicar melhor o Regimento Interno.
O SR. PRESIDENTE: V.Exa. sabe que,
estatisticamente, diante do Direito Positivo, os tribunais têm maior ou menor
número de processos, pelos momentos que passam um povo, uma nação, uma cidade,
uma rua, um quarteirão, ou mesmo um plenário.
Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. A decisão do Prefeito Alceu Collares no dia de hoje, requerendo a
retirada do Projeto que trata das alterações do Plano Diretor de Porto Alegre,
torna-se, inegavelmente, uma decisão histórica para nossa Cidade. Sensível aos
reclamos de inúmeros Vereadores da sua Bancada, sensível ao apelo de inúmeras
entidades representativas e ligado profundamente à história da nossa Cidade, o
Prefeito Alceu Collares, identificado sempre com as comunidades, com a
sociedade civil, como o fez nos vinte anos de autoritarismo, retirou o Projeto
para que isto pudesse ser objeto de um amadurecimento e de um aprofundamento da
questão. Por quê? Porque este Vereador, que tem uma responsabilidade com a
Cidade de Porto Alegre, com a qualidade de vida de seu povo, não pode votar um
Substitutivo que consubstancia mais de setenta Emendas. Não pode votar o
Substitutivo porque não leu, e não o leu porque o recebeu, oficiosamente, às
10h do dia de hoje e, oficialmente, por protocolo, às 14h15min, assim como
inúmeros Vereadores desta Casa. Se votássemos, estaríamos votando no escuro e a
Cidade, a comunidade de Porto Alegre, o povo de Porto Alegre estaria nos
cobrando este fato. Por esta razão, a decisão sábia do Prefeito Collares de
retirar o Projeto vai ficar gravada na história de nossa Cidade, pela sua
responsabilidade com o povo, com as entidades representativas da sociedade
civil e de todos os segmentos da nossa Cidade. Ao lado do fato, deste enorme
Substitutivo, que consubstancia mais de 70 Emendas, conforme informa na Zero
Hora o autor do Substitutivo, no dia de hoje - e foi por esta forma que o
Vereador que lhes fala tomou conhecimento do assunto - do desconhecimento do
Substitutivo, porque não teve tempo para lê-lo, este Vereador toma conhecimento
de uma carta dirigida ao Sr. Prefeito Municipal, subscrita pelo CREA, pelo
Sindicato dos Arquitetos do Rio Grande do Sul, pelo Sindicato dos Engenheiros
do Rio Grande do Sul, pelo Instituto dos Arquitetos do Rio Grande do Sul -
Seccional do Rio Grande do Sul, pela Sociedade de Agronomia do Rio Grande do
Sul, pela Associação de Engenheiros Agrônomos de Porto Alegre, pela AGAPAN,
pela FRACAB, pela UAMPA, pela Federação Nacional dos Arquitetos do Brasil, que
diz que consideram este Substitutivo altamente lesivo aos interesses da Cidade.
Não examinei, não sei se efetivamente é, mas respeito a idoneidade dessas
entidades que firmam esse documento. Por essa razão, participei de uma ida ao
Sr. Prefeito, também fazendo um apelo no sentido de que retirasse este Projeto
por algum tempo, para que pudéssemos amadurecer. Essa é a razão. Há uma dúvida
razoável para que este Vereador pudesse, no mínimo, ler o Substitutivo e
avaliar se ele é lesivo ou não aos interesses da Cidade. Por essa razão, com a
presença destas assinaturas da maior responsabilidade na nossa Cidade, no nosso
Estado e no nosso País, porque expressam a sociedade civil rio-grandense, este
Vereador não tinha condições de votar o Substitutivo sem entrar no mérito da
matéria objeto do Substitutivo. Era essa a manifestação que gostaria que
contasse nos Anais da Casa para, amanhã, não cobrarem dos Vereadores desta Casa
que votamos um Substitutivo de mais de 70 Emendas, consubstanciado em mais de
80 folhas com conhecimento que deles tiveram uma hora antes da votação e da
discussão em Plenário nesta Casa. Ninguém vai cobrar deste Vereador esta
responsabilidade e tenho certeza e por esta razão me acompanharam os Vereadores
Pedro Ruas, Adão Eliseu, Ennio Terra e Elói Guimarães. Lá estiveram comigo
junto ao Prefeito quando nós exatamente apelávamos para que tivéssemos a
oportunidade de examinar o Substitutivo que estas entidades dizem e afirmam que
é lesivo aos interesses desta Cidade. Pela Cidade de Porto Alegre e para que
esta Casa não sofra a pecha que sofrem os políticos nos dias de hoje com todo o
seu desgaste, eu quero, e tenho certeza que expresso não só esses nomes
citados, mas inúmeros outros, o direito de amadurecer sobre a questão que
envolve a qualidade e o destino da nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, a palavra com o
Ver. André Forster pelos mesmos dez minutos.
O SR. ANDRÉ FORSTER: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, por designação do Líder da Bancada, especialmente pela condição de
quem foi presidente da Comissão, de quem encaminhou as discussões sobre os dois
Projetos nesta Casa, um de alteração do Plano Diretor e outro que instituía o
Fundo Municipal para o Desenvolvimento Urbano. Hoje, em torno das 13h30min,
depois de auscultar alguns membros da Comissão Especial, me dirigi ao
Presidente deste Legislativo para levar-lhe posição enfática, que seria
formulada, posteriormente, por escrito, de que não havia condições de trazer a
uma decisão deste Legislativo a discussão que se travava a partir do
Substitutivo apresentado pelo Relator da Comissão, Ver. Werner Becker. Iria
sugerir ao Presidente do Legislativo que exigisse do Prefeito Municipal, no
mínimo, mais 15 dias para que se pudesse fazer ampla discussão sobre o
Substitutivo apresentado, sob pena de que este Legislativo não deveria decidir
sobre esta matéria. Quando chegamos ao Presidente do Legislativo com essa
determinação, informava-nos ele que ouvira a notícia pelo rádio de que o
Prefeito Municipal, atendendo ao apelo de inúmeras entidades, havia decidido
retirar o Projeto da Pauta. Quero dizer, Srs. Vereadores, que discussão sobre o
Plano Diretor se trava nesta Casa há muitos anos. Com a minha participação, há
quatro anos. Tenho encontrado, em relação a ele, as mais diferentes situações.
Foi referido aqui o seminário realizado há dois anos atrás, quando assumi a presidência
deste Legislativo. As razões que nos motivaram naquela oportunidade para a
realização de um seminário sobre o tema era sobretudo o tabu em que estava
envolvida a questão do PDDU. Lembro, claramente, de quando estávamos para
decidir, de uma visita ao nosso gabinete do então Secretário do Planejamento,
Dr. Skolaude, e mais três dos seus assessores, para dizer-nos que o Legislativo
não poderia promover seminários desta natureza, sem antes buscar a assessoria
da Secretaria do Planejamento.
Foi a razão última que me determinou, nesta oportunidade, para dizer
que este seminário nós realizaríamos, porque este Legislativo não precisava,
para discutir tema de importância coletiva, pedir anuência, autorização, a
quem, notoriamente, durante todos estes anos, foram entendidos como donos da
Cidade. Como donos da Cidade! Não sou eu que digo; já ouvi isto das mais
variadas tendências políticas e ideológicas, porque a Secretaria do
Planejamento instaurara ali os setores da condução da vida urbana da Cidade de
Porto Alegre. E que o diga o atual Plano Diretor. E que me digam alguém que, em
relação a este Plano, não tem considerações positivas e não tem considerações
críticas. Entretanto, sempre esteve envolto em tabus. Havia donos nesta Cidade
que queriam impedir que se fizesse a discussão amplamente, para transformar
esta linguagem extremamente difícil, inacessível, e por isto autoritária e
arbitrária, em conhecimento comum e público a cada um e qualquer um dos
cidadãos da Cidade. Era essa a intenção daquele seminário. A isto reagiam
equivocadamente, imbecilmente, indo ao gabinete do Presidente do Legislativo
dizer que ele precisava pedir autorização à Secretaria do Planejamento para
trazer à discussão pública tema de relevância pública. Já ouvi relativamente ao
Plano Diretor as mais variadas críticas, as mais variadas retóricas;
evidentemente, todos nós estamos absolutamente de acordo que este Plano Diretor
precisa ser rediscutido e rediscutido amplamente. Fui levado ao gabinete do
Presidente para dizer que, se este Legislativo não tivesse o prazo de 15 dias,
no mínimo, para esclarecer as dúvidas que se levantavam a respeito do
Substitutivo, não havia o que votar, e por uma razão muito simples e elementar:
o Substitutivo, a ele, antes mesmo que fosse distribuído, já se lhe imputavam
as mais variadas considerações e as mais variadas insinuações. Cerquei-me em
relação a isso de pessoas - que prefiro não nomear - para que me fizessem
nomear, a partir de uma afirmação feita na Comissão Especial, em reunião pela
manhã, pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, em que enfaticamente esse Vereador disse
que “se tratava de um Projeto moralmente criminoso, a fim de que localizassem
cada um desses aspectos que poderíamos chamar moralmente criminosos. Essas
pessoas, que respeito politicamente, moralmente, pela sua dignidade pessoal e
competência profissional, estabeleceram as divergências neste debate em que a
afirmação de um determinado item sobre a sua duvidosa afirmação correspondiam a
afirmações contrárias e assim se procedeu a discussão. Disse claramente que,
nestas condições, “a priori”, com concordância, não se poderia dizer que este
Projeto era moralmente criminoso antes que se o provasse. A discussão,
entretanto, trouxe à luz outro problema, este sim, tanto quanto os outros,
consideramos absolutamente relevante e importante, pelo que decidimos buscar o
Presidente da Casa e dizer-lhe que esta Casa não podia votar o Projeto ou seu
Substitutivo no dia de hoje. O processo de discussão veio à lume e, então,
concordamos e buscamos mais quinze dias. O Sr. Prefeito teve uma decisão mais
sábia, e sobre isso também quero tecer as minhas considerações.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V.Exa. me ligou a respeito desse pedido de quinze
dias e eu lhe disse: “Peça trinta, porque é pouco, face à complexidade do
assunto”. É exato?
O SR. ANDRÉ FORSTER: Reitero a manifestação de
V.Exa. Desde ontem, Ver. Werner Becker, tentou-se, junto ao Prefeito Municipal,
a prorrogação de prazo desta Convocação Extraordinária, para que se pudesse
trazer à discussão qualquer coisa que aqui dentro fosse submetida à decisão.
Portanto, meus pares, o processo da discussão desse Projeto vem sendo,
efetivamente, mal conduzido, desde quando tramitava no Executivo. Já ouvi
manifestações das mais variadas entidades, dizendo que lá também esteve
escamoteada esta discussão! E quero dizer que aqui, ao instalar-se esta
Comissão, a primeira manifestação deste Presidente quando abriu os trabalhos,
reiterada depois pelos demais Vereadores da Comissão, foi de denunciar o prazo
restrito. E a manchete da Zero Hora, no dia seguinte, foi exatamente esta:
“Vereadores da Comissão reclamam a exigüidade do prazo para a discussão de
matéria tão relevante.” Estamos, reiteradamente, dizendo: até o meio-dia de hoje,
até as treze e trinta horas de hoje, enfatizando que não há condições para
efetuar essa discussão, enfatizando a necessidade de qualquer elemento para
submeter à decisão e que seja aberta a discussão. Para encerrar, precisa ficar
ressaltado nesta Casa, Ver. Isaac Ainhorn, não a decisão histórica de o
Prefeito retirar este Projeto! Esta não é uma decisão histórica! Decisão
histórica, Ver. Isaac Ainhorn, foi a de o Prefeito Municipal enviar este
processo para esta Casa nas condições em que esta Casa toda denunciou! O
Prefeito Municipal pagou caro pela sua petulância, quando quis que esta Casa, a
cabresto dos seus interesses e das suas razões, aprovasse o programa de aumento
de impostos sobre o Projeto de IPTU. Decisão histórica e que esta Casa anote
muito bem, e que se cuide esta Casa. Alerto o Sr. Presidente, alerto os Srs.
Vereadores, esta Casa está sendo feita de boba, se não levantasse, em nome das
condições e das prerrogativas do Legislativo... Estamos sendo levados a
cabresto de uma inconseqüência, de uma incompetência do Executivo Municipal.
Ora, Srs. Vereadores, quem não veio a esta tribuna dizer que tocar dezenove
projetos, em prazo tão exíguo, é uma estupidez, “é uma monstruosidade”, foi a
expressão usada nesta tribuna! Não, Ver. Isaac Ainhorn, decisão histórica é
esta do Prefeito de botar dezenove projetos, alguns dos quais denunciados pela
sua importância, que não podiam ser votados em prazo tão curto, porque
acertavam amplos interesses da população, assim como este, em que requeremos
tempo e, agora, o Prefeito Municipal, depois de não ouvir, até ontem, que se
precisava de maior prazo, à última hora, vem a dizer que precisava adiar o
Projeto e o Substitutivo. Nós concordamos com a decisão do Sr. Prefeito, Ver.
Isaac Ainhorn. Teríamos encaminhado o pedido de quinze dias. E tudo que tem aí
para discutir passaria pelo crivo da discussão de todos os que aqui estiverem.
Mas este Legislativo está alertado para estas inconseqüências do Prefeito, não
só em relação a nós, mas em relação à Cidade de Porto Alegre. Passa, mais uma
vez, um Ofício ao Presidente desta Casa pedindo prorrogação, que significa
urgência para o aumento das tarifas com prorrogação até o dia 30. Não sabe o
Prefeito o que quer, pois que bota projetos e tira projetos; já foi assim na
extraordinária de julho, quando mandou diversos projetos e retirou meia dúzia.
Agora outra vez. Já devia ter retirado muitos projetos há muito mais tempo, já
devia ter aprendido quando aqui foi negado o aumento de impostos da Cidade com
base em seu Projeto de IPTU. Então, Srs. Vereadores, tive um ano na Presidência
do Legislativo, com o Prefeito João Dib na Prefeitura, e tive um ano de
experiência com o Prefeito Alceu Collares. Homem de diálogo - eu reconheço hoje
- era o Prefeito João Dib, não o Alceu Collares, autoritário, prepotente.
(Apartes anti-regimentais.)
Talvez V.Exa. possa discordar; até pelo calor da minha manifestação,
tenha cometido exageros, Ver. Caio Lustosa, mas quero dizer que nunca tive, e o
exemplo maior foi o Prefeito Municipal, em Sessão Especial, nesta Casa, achou
que podia vir xingar os Vereadores do Legislativo.
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Tempo esgotado, Vereador.
O SR. ANDRÉ FORSTER: Para finalizar, já era
decisão da Comissão pedir não a retirada do Projeto, mas era a sua proposta
solicitar ao Prefeito Municipal mais quinze dias formalmente, negando-se a
votar hoje, aqui, o Projeto. Esse é um entendimento que preciso colocar ao
Plenário, bem como ratificar todas as vezes que se reclamou do Prefeito o
açodamento do Prefeito e o atropelamento deste Legislativo. Sra. Presidente,
Ver. Isaac Ainhorn, quero ver os pronunciamentos registrados nos Anais, a
posição deste Vereador que também espero fique nos Anais e sirva de lição para
os Vereadores desta Casa para os próximos dois anos em que será o Prefeito o
Sr. Alceu Collares. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Chaise):
Tempo de Liderança com o Ver. Inácio Neis. V.Exa. tem o tempo regimental, cinco
minutos.
O SR. IGNÁCIO NEIS: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, estou usando o tempo de Liderança para ver se conseguimos terminar
com o do art. 81. A decisão do Sr. Prefeito Municipal de retirar os projetos
que estão causando o uso do art. 81 do R.I. para as discussões que estão se
travando aqui, também vem ao encontro do que nós entendemos, ou seja, que o
Plano Diretor seja bem mais amplamente discutido e aprovado o seu estudo, mas
que por outra maneira revela aquilo que, desde o primeiro dia de governo do Sr.
Prefeito, está se caracterizando no Executivo e revela o conceito que ele tem
do Legislativo, a maneira com que ele trata os Srs. Vereadores e tudo que ele
pensa sobre Vereadores e sobre o Legislativo Municipal. Todo o governo do Sr.
Alceu Collares não passa de um balão de ensaio, basta analisarmos os projetos
da Secretaria Extraordinária, contratando salas antecipadamente para o
Vice-Prefeito; o Projeto da SMEC, lançado pela imprensa; retirados esses, falou
polemicamente o Sr. Prefeito, quase que agredindo com suas palavras, prevendo
alguma possibilidade de que não fossem aprovados os Conselhos Populares,
retirados, então, também nos mandou o Projeto do IPTU, aumentando-o e, uma vez
que os Srs. Vereadores não aceitaram o imposto exorbitante de 250% contra uma
inflação de 50%, aplicou por conta, com decreto inconstitucional, mostrando que
apenas foi um balão de ensaio para uma tentativa de engodo que queria aplicar
para cima dos Vereadores, para ver se, talvez, pisássemos em cima da casca de
banana e caíssemos, porque ele já havia decidido que imposto haveria de ir
goela abaixo dos munícipes, quiséssemos ou não, no plano legal, contra o
interesse dos munícipes, defendido pelos Vereadores ou não. Vem o Projeto do
Plano Diretor pedindo mais prazo! Ontem afirmavam que não haveriam um minuto a
mais de prazo, não haveria prorrogação, e hoje não quer mais. Mas, prevendo que
não seria votado o Projeto conforme previa, queria que fosse o original,
talvez; não afirmo com isso que o Substitutivo seja o melhor. E, agora, vamos
ter muito tempo para estudar o assunto, pois retirou o Projeto. Agora encaminha
para a Casa a prorrogação por mais dez dias, que era o que estávamos pedindo:
dez dias, quinze dias, e ontem afirmava que não haveria. Por que, agora, pode
dar mais dez dias? O Prefeito está tentando fazer a Câmara Municipal de
fantoche. Está fazendo o que estamos acostumados a ver num líder maior,
descricionário, autoritário. É um Prefeito que já foi considerado um dos
melhores deputados federais do Brasil. Não dialoga. Onde prevê derrota nos seus
projetos, retira. Não aceita a maioria, ou é como ele quer, ou não existe.
Manda projetos para cá, dizendo que quer a colaboração de todos, chama a todos
para que trabalhem, busquem emendas, substitutivos, e quando surgem estas
emendas, como a mudança da Secretaria da Cultura, com colaboração destes
Secretários, por exemplo, retira.
Existiu já em Porto Alegre um Prefeito mais discricionário do que este?
Existiu um Prefeito que abusasse, debochasse, pisasse na Câmara
Municipal como esse: existiu?
Se existiu, foi um Prefeito muito autoritário, muito discricionário.
Mas que eu saiba, atitudes iguais a esta, Sra. Presidente, para
encerrar, não vimos nem nos últimos vinte anos, atitudes iguais a que nós vimos
de balão de ensaio a cada dois meses, e sempre que o Prefeito vai à televisão,
ao rádio e diz: “salvarei a Cidade contra a Câmara Municipal; a Câmara matará a
Cidade. Salvarei os munícipes contra o crime que os Vereadores fariam contra a
Cidade. Eu sou o pai dos pobres! Eu sou o proprietário da Cidade, Alceu de Deus
Collares.” Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Cleom
Guatimozim.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sra. Presidenta, Sra.
Secretária e Srs. Vereadores, inicialmente, eu gostaria de dizer que o Prefeito
Municipal, que já foi Vereador nesta Casa por duas Legislaturas, tem o mais
alto respeito por esta Casa e tem vindo aqui quando convidado e voluntariamente
dialoga com os Vereadores e com as Lideranças. E gostaria de lembrar que S.Exa.
desempenha um mandato atípico de três anos e que sente a necessidade, não sua,
pessoal, mas pelo desenvolvimento da Cidade, de correr, às vezes, e está a
exigir desta Casa um trabalho árduo, das nove horas à meia noite, como
aconteceu ontem, porque a Cidade não entra em férias, a Cidade não entra em
recesso. Os Vereadores têm acompanhado o desenvolvimento da Cidade.
No que diz respeito ao Plano Diretor, gostaria de dizer que, em 1979,
éramos o Presidente da Casa e dirigimos a Sessão no Centro de Cultura, já que
houve um incêndio na Câmara de Vereadores, quando foi votado o Plano Diretor. E
já começou com uma mentira, dizendo que era o 1º Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano, quando houve um anterior, a não ser que se considerasse
que os outros não eram de desenvolvimento urbano. Eu, particularmente, como
Vereador desta Casa há um quarto de século, 25 anos, sempre tive este Plano
Diretor como elitista. Como sou representante de bairros e periferias da
Cidade, nunca me dei bem com ele. De 1979 para cá, ele foi remetido por
necessidade, por diversas vezes, à Casa. Vejam-se as UTR que foram
transformadas nesta Cidade. Como exemplo deste Plano, temos o caso aqui na
Cidade Baixa. De um lado da rua, é área reservada para o comércio e, do outro
lado, para residências. Pois, do lado das residências, temos um supermercado e,
do lado do comércio, não tem comércio. Talvez no ano de 3.000 ou 4.000 possa-se
atender a este tipo de Plano, às necessidades e ao prescrito no Plano Diretor.
Então, como represento um bairro pobre da Cidade, e como sou Vereador há apenas
25 anos, eu tenho as minhas dúvidas sobre este Plano. Acho que ele é elitista
demais. Acho aqui que algumas observações devem ser feitas. Fico surpreso, por
exemplo, porque diversas entidades se manifestaram pela recusa ao Plano,
alegando, inclusive, que não conheciam o Substitutivo. O pedido formalizado
teve até muitas assinaturas. É de causar estranheza a atitude. Mas, no que se
refere ao trabalho-ofício, no que se refere ao trabalho-esforço, eu gostaria de
elogiar o trabalho do Ver. Werner Becker e do Ver. Antonio Hohlfeldt. É que
eles encararam a situação, vestiram a camiseta em busca de uma solução. Mas e
se esta solução não serviu? Ora, nós estamos aqui há tantos anos e sabemos que
nunca vai servir nenhuma solução. Eu não me conformo. Cada um tem um modo de
pensamento, e desse conjunto de pensamentos é que nós formamos esse grande
caldeirão que é a Cidade, a comunidade. E, se o meu pensamento não fosse
válido, eu não estaria aqui há vinte e cinco anos! Ele tem alguma validade. Eu
sou daqueles que não se conforma que, na Avenida Borges, tenha vaca pastando!
Não posso me conformar com essa situação, porque a impressão que tenho é de que
nunca vamos chegar a uma metrópole, e respeito aqueles que pensam de forma
contrária, a de que as vacas representam uma tradição, uma preservação até quem
sabe da ecologia, da tradição, etc., mas eu não me conformo! Eu gostaria de ver
um outro tipo de evolução para a Cidade. Que tipo de construção é permitida na
Rua Barão do Amazonas, por exemplo? Um bairro sem poder aquisitivo, que tem um
terreno de dez por trinta, é exatamente o cidadão da classe média, onde há
limites rígidos, exatamente naquele bairro, o qual representamos nesta Casa,
não pode se conformar com muita coisa desse Plano Diretor. O Sr. Prefeito o
enviou para cá, e eu espero que ele não venha mais a esta Casa, para não criar
este dilema. Deixem ficar assim! A oportunidade exata, quem sabe, depois que a
comunidade toda se reunir e encontrar uma forma, uma solução e a mandar a esta
Casa, quem sabe até um processo popular para uma decisão, até quem sabe a gente
possa chegar lá e quem sabe até possamos não ter mais vacas pastando na Avenida
Borges. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Clóvis Brum, pela Liderança do PMDB.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, apenas para registrar nos Anais da Casa que, nos meus últimos sete
anos de atividades nesta Casa, não havia ainda vivido um período de convocação
extraordinária pelo Executivo, de maneira tão anormal, de maneira tão a
desejar, como este que estamos vivendo e que parece vamos viver ainda. O
Prefeito Alceu Collares cometeu uma seqüência interminável de incompetências,
em que pese a sua extraordinária experiência parlamentar. De duas uma: ou o
Prefeito é incompetente, ou a sua Assessoria é extremamente incompetente.
Convoca a Câmara para apreciar vinte e dois projetos. Começa o troca-troca de
projetos, retira uns e coloca outros e resolve enviar para esta Casa o que não
fez durante um ano de mandato. Mandar o Plano Diretor para discussão e
reavaliação num período extraordinário, aí sim, acho que o Prefeito, ao
contrário do que o Ver. Isaac Ainhorn afirmou, muito ao contrário, esteve
eqüidistante das entidades civis desta Cidade. Não as ouviu, quando elaborou o
Projeto, senão as entidades não estariam pedindo para o retirar. Se o Projeto
viesse certo, a esta Casa não seria necessário apresentar Emendas. Se o Projeto
estivesse correto, teria a chancela das entidades da comunidade
porto-alegrense. Ao que sei, o Ver. Caio Lustosa era contra o Projeto e
representa com muita grandeza nesta Casa um movimento considerável da sociedade
de Porto Alegre e do R.G. do Sul. Quando falei ao Ver. Caio Lustosa, a sua
manifestação foi contrária ao Projeto; então, o Projeto não era bom.
E por que esquecer o golpe que o Prefeito tentou passar nesta Casa com
a aprovação da reavaliação do valor venal dos imóveis da Capital? Golpe
sórdido. Golpe sujo, desqualificado, que a Casa, em tempo hábil, não aprovou e
que a Justiça vai tornar nulo.
Não saciado de sua ânsia de manipular o poder, esqueceu rapidamente das
regras mais elementares da democracia. Insaciado, o que fez o Prefeito? Baixou
um Decreto, em setembro, aumentando o valor dos imóveis, aumento que ai até
600%. Deparando-se com a grossa e grave falha que havia cometido, tentou mandar
um projeto para a Casa alegando que era para diminuir o valor dos imóveis. Não.
Queria corrigir a sua falha que havia majorado o imposto, contrariando o § 1º
do art. 97 do Código Tributário Nacional. Majoração de imposto também resulta
em alteração na sua base de cálculo. Mas a CMPA não aprovou e hoje a Justiça é
questionada quanto à constitucionalidade do Decreto do Sr. Prefeito.
Desejo, com tranqüilidade, esclarecer que a Bancada do PMDB indicou
para compor a Comissão Especial que estudou o Projeto do 1º PDDU o Vereador que
mais debateu esse assunto em Porto Alegre; indicou talvez o Vereador mais
competente no assunto, no mínimo o que mais demonstrou estar interessado nesta
problemática, que é o Ver. André Forster. Confiei como Líder, companheiro,
membro do Diretório Regional do PMDB, como Vereador, munícipe e continuo
confiando, vou continuar e sempre confiarei, confiando sempre no trabalho, na
lisura, no comportamento, no conhecimento e na posição clarividente do Ver.
André Forster, ele que convocou toda a sociedade para o debate do assunto
várias vezes e o fez agora, na discussão do Projeto. Sr.ª Presidenta, concluo
dizendo que, efetivamente, o Prefeito tem que aprender a administrar esta Cidade,
que anda mal. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Sr.ª Presidenta, só gostaria que a Casa tomasse providências sobre o
tempo dos discursos, que está sendo ultrapassado em três ou quatro minutos.
A SRA. PRESIDENTA (Gladis
Mantelli):
A Mesa tenta alertar os Vereadores quando passam o tempo, mas isso é uma
característica geral, praticamente quase todos os Vereadores que assomam à
tribuna ultrapassam seu tempo.
Solicito ao Sr. Secretário que proceda à verificação de “quorum”.
O SR. PRESIDENTE: Há “quorum”. Passa-se,
então, à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2681 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 86/86, que estabelece o montante
de índice construtivo alienável na forma da Lei Complementar para o exercício
de 1987, Plano de Distribuição e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE: Sobre a Mesa, Requerimento
assinado pelo Ver. Clóvis Brum, solicitando que o PLE n.º 86/86, tenha adiada a
sua discussão e votação por uma Sessão.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Eu perguntaria a V.Exa. qual o tratamento que seria dado, já que o referido
Processo tem, a pedido da Liderança do PMDB, o seu adiamento solicitado por uma
Sessão. Como interpreta a Mesa e qual a época em que seria votado, diante de
uma futura prorrogação da Convocação Extraordinária do Prefeito, que parece
está sendo feita. Como interpreta a Mesa o adiamento por uma Sessão do referido
processo?
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Nobre Vereador, teríamos uma Sessão Extraordinária logo após a esta, e, nesta
Sessão Extraordinária, entrará o Projeto do Fundo e, como este Projeto está
vinculado ao Fundo, serão apreciados na mesma Sessão Extraordinária, logo após
esta.
Em votação o adiamento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 1865 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 25/86, que autoriza o Executivo
Municipal a contratar operações de crédito junto ao Banco Nacional da Habitação
e à Caixa Econômica Federal e dá outras providências, com Mensagem Retificativa
e Emenda n.º 1.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Hermes Dutra: pela
aprovação.
- da COSMAM. Relator, Ver. Hermes Dutra:
pela aprovação com a Emenda n.º 1.
- da CFO. Relator, Ver. Auro Campani: pela
aprovação com a Emenda n.º 1.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE n.º
25/86.
O SR. HERMES DUTRA: Para discutir, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra V.Exa.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Como o Projeto já estava praticamente em votação, mas o Ver. Hermes Dutra pede
tempo para discussão, a minha Questão de Ordem fica prejudicada, e nesse
sentido eu iria fazer uma Questão de Ordem a V.Exa. para falar à festiva
Bancada do PDT para que tomasse assento, porque iria acontecer uma votação que
não saberíamos se teria ou não “quorum”.
O SR. HERMES DUTRA: Serei breve, Sra.
Presidente e Srs. Vereadores. Este Projeto do Executivo solicita autorização
para contrair empréstimo em torno de seiscentos milhões de cruzados, que não
sabemos se será para comprar mesa de bilhar para jogarem ou se será aplicado em
obras de infra-estrutura na Cidade. São seiscentos e cinqüenta milhões de
cruzados. Diante disso, apresentei uma Emenda, e peço a atenção da Liderança do
PDT para esta questão que a nossa Bancada se propõe a votar a favor, desde que
seja assegurado publicamente que o Sr. Prefeito não vetará a Emenda. A Emenda é
a seguinte: que a aplicação dos recursos terá que passar, obrigatoriamente,
pela aprovação da Câmara. E quero repetir: são recursos na ordem dos seiscentos
e cinqüenta milhões de cruzados, sem destinação...
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vejo uma impossibilidade no que pede V.Exa. Pela
experiência que temos com o Sr. Prefeito, eu só aceito este compromisso se for
lavrado no tabelionato, por escritura pública. Não me serve mais o compromisso
do Sr. Prefeito. Não desmereço a Liderança do Ver. Cleom Guatimozim, mas ele
próprio é testemunha de que o Prefeito promete coisas à Liderança da Bancada do
PDT e não cumpre. Chamo a sua atenção para o fato de que não temos garantia de
que o Prefeito vai cumprir o compromisso, porque não cumpriu nenhum dos
fundamentais assumidos até agora.
O SR. HERMES DUTRA: Só quero alertar os Srs.
Vereadores de que o fato se reveste de uma gravidade extrema. Discutimos isto
com a nossa Bancada e não temos a intenção de negar a autorização para o Sr.
Prefeito contrair o empréstimo. Mas não podemos dar Cz$ 613.500,000,00, em
OTNs, sem destinação específica, a não ser que serão aplicados em despesas de
capital. E o mais grave ainda: a própria Lei autoriza o Sr. Prefeito a abrir os
créditos adicionais nas épocas ou em qualquer época e fazer constar dotações
nos orçamentos subseqüentes, se precisar. Não endosso as manifestação do Ver.
Werner Becker. Tenho o Sr. Prefeito como homem de fé, mas pesquisas de capital,
repito, uma mesa de jogo de bilhar é considerada despesa de capital, uma obra
de infra-estrutura para restauração completa de uma vila popular também. São
despesas de investimento, são para pagar empréstimos, quer dizer, não teremos o
mínimo controle, daí porque fiz uma Emenda para a qual obtive o apoio da Ver.ª
Jussara Cony, Presidente da minha Comissão, que tornará obrigatório que passe
pela Câmara esse recurso. Lembro-lhes que 650 milhões de cruzados é quase a
metade do orçamento do Município.
A Sra. Bernadete Vidal: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para ressalvar o problema da confiabilidade,
embora V.Exa. não endosse, não consigo confiar num homem que não cumpriu suas
promessas até agora e que depois de ter feito a Casa, em Sessões memoráveis,
aprovar coisas que até não gostaria... Não consigo confiar neste homem. Dar um
cheque em branco desse tamanho, cheque em brando do Município... O Município
todo vai pagar e não sabe o que é.
Eu não costumo, na minha vida, dar cheque em branco, Vereador.
Agradeço.
O SR. HERMES DUTRA: Quero deixar bem claro: não
estou fazendo qualquer alusão; estou apenas cumprindo com a minha obrigação de
Vereador e já o fiz na Comissão. Respeito as alusões da nobre Vereadora. Acho,
reconheço que V.Exa. tem razões; o Ver. Werner Becker tem razões. Entretanto,
eu ainda, talvez pelo meu espírito afável, tenho o Prefeito em boa conta.
Apenas não posso aprovar um Projeto destes sem ter destinação.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, embora o desencanto nosso com a ação dúbia
de S.Exa., no Projeto, à página n.º 2, está muito claro - e pediria a atenção
de V.Exa. e dos pares. O Projeto, ora encaminhado, será utilizado na busca de
autorização do Senado Federal para que a Prefeitura possa contratar empréstimo
junto às instituições de crédito mencionado. Não se está dando ainda o crédito
para S.Exa. Apenas autorização para que S.Exa. possa buscar esses recursos junto
ao Senado. Embora a minha mágoa, a minha decepção e meu desencanto pelas
atitudes dúbias do Sr. Prefeito, eu não vou votar contra a Cidade.
O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Raul Casa, esta Casa já votou não um, mas muitos
pedidos iguais a este, notadamente para o DEMHAB, e em todos os pedidos para
contrair empréstimos com o BNH os prefeitos mandaram, especificamente, a
finalidade do dinheiro. Este, não. Mas, por favor, a Emenda não tem poder de
coisa julgada. Todos os projetos aprovados com idêntica finalidade trouxeram a
destinação da aplicação dos recursos, e nós aprovamos mais de quatro ou cinco,
só para o DEMHAB.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria de fazer uma sugestão a V.Exa. e à Casa.
Disse muito bem, com muita ênfase, o Ver. Raul Casa: não estamos aqui para
votar contra a Cidade. Mas há um remédio legal que possibilita essa segurança.
Vou sugerir uma solução: que o Executivo retire esse Projeto, como retirou
outros. Enfim, nesta Sessão Extraordinária, que vai convocar outros Projetos,
com essa disposição incluída.
O SR. HERMES DUTRA: V.Exa. fez uma afirmação
que “data venia” não corresponde efetivamente ao que está na Lei. V.Exa. leu a
Exposição de Motivos, onde o Sr. Prefeito diz que mandará a esta Casa. Não
tenho por que duvidar disso. Agora, prefiro, e confiarei na Bancada do PDT,
porque me informa o Ver. Isaac Ainhorn que está mantendo contatos com o Sr.
Prefeito. Quanto à autorização para o Senado, isso está na Exposição de
Motivos. O Ver. Caio Lustosa me faz manifestação de concordância. Acho que
V.Exa., então, não leu muito bem. A Lei não fala em autorização para o Senado.
Mas na Exposição de Motivos há essas referências. A Lei diz apenas que as operações
de crédito autorizadas por esta Lei serão contratadas dentro das condições de
prazos, carências, juros e demais encargos vigentes à época da efetivação dos
contratos. Então, ela não diz que é para conseguir autorização do Senado. Se a
Lei dissesse isso, mas não diz, até concordaria com V.Exa.
A SRA. PRESIDENTE: Ver. Hermes Dutra, seu
tempo está esgotado, mas o Ver. Martim Aranha Filho se inscreve e cede,
Vereador, o tempo, desde que os Vereadores Caio Lustosa e Clóvis Brum
concordem.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria que V.Exa. respondesse ao meu aparte
sugestão.
O SR. HERMES DUTRA: Honestamente, Vereador, não
há por que pedir a retirada do Projeto. Apenas há uma divergência doutrinária.
Acreditarei mais uma vez, se a Bancada do PDT afirmar publicamente que a Emenda
não será vetada. V.Exa. tem razões para não acreditar, mas de minha parte
acreditarei e votarei favoravelmente. Acho que minha sugestão mata o assunto,
agora, para que não venham dizer que tem oposição sistemática.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vai dizer de qualquer forma, pois a incompetência que
tem demonstrado, necessariamente, vai demonstrar durante o resto do tempo. E só
tem um recurso: debitar à Câmara.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) S.Exa. tem uma assessoria que exerce uma influência
decisiva, a ponto de tirar desta Casa projetos à última hora. Certamente a
mesma assessoria que elaborou este tipo de contrato deve estar atenta para que
S.Exa. não caia em contradição.
A Emenda de V.Exa. supre todas as deficiências e por isto ou votar a
favor.
O SR. HERMES DUTRA: Esta é a minha preocupação:
que vete a Emenda. Por isso, solicitei à Bancada do PDT que se manifestasse.
A Sra. Bernadete Vidal: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O Prefeito já vetou o aumento dele e depois decretou.
Como é que eu confio num homem destes?
O SR. HERMES DUTRA: Vereadora, é um problema de
juízo pessoal, no qual eu confesso que não quero me imiscuir. Quero repetir que
V.Exa. tem razão, apenas eu talvez seja mais benévolo que V.Exa. Eu continuo
esperando que a Bancada do PDT se manifeste. Só para que V.Exas. observem bem,
o art. 1º do Projeto dá um valor, o parágrafo único diz que pode ser corrigido.
O art. 2º fala que serão contratados a juros de mercado, o que já é um risco,
mas eu acho inevitável. Eu quero repetir que não acho que há má-fé, em
absoluto, mas, abre o olho, como se diz na gíria, pois, para obter a aprovação
do Senado, não é necessário que haja até aqui o comprometimento, inclusive, dos
empenhos necessários que o Município tem que fazer. A Lei está dando ao
Município tudo, inclusive o direito de empenhar o ICM, as parcelas de retorno
do ICM e do ISSQN, quando nós sabemos que, numa primeira fase, no Senado, não
há essas exigências. Isto aqui são exigências dos credores, e são exigências
naturais. Mas quero dizer a V.Exas. que o Projeto de Lei, na forma em que está,
está em condições de ser apreciado pelo Senado, ser aprovado e, no outro dia,
de posse desta Lei, o Sr. Prefeito poderá arranjar o empréstimo e gastá-lo. Eu
espero que o Sr. Prefeito gaste isto em boas obras para a Cidade, mas, como
diria Machado de Assis: “entre o sonho e a Rosa existe o muro da casa.” Então,
eu acho que não é demais que se peça esta garantia. Não estamos fazendo nada
mais do que aquilo que o Sr. Prefeito tem apregoado: que a Casa melhore os
projetos, que a Casa opine e que ele apóie. Eu só quero é que haja um
comprometimento público da Bancada do PDT em relação a esta modesta Emenda que
fiz, porque senti que havia resistências na Casa quanto à aprovação do Projeto.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Caio
Lustosa.
O SR. CAIO LUSTOSA: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, sinto-me muito à vontade em discutir este Projeto, pois que, nas
Sessões Ordinárias, no decurso do Ano Legislativo de 1986, na Comissão de
Justiça, justamente como integrante, como vogal da Comissão de Justiça, tive o cuidado
de requerer, com o apoio da Assessoria Técnica desta Casa, uma diligência ao
Executivo, para que informasse certos aspectos de conteúdo, de conveniência, de
interesse público, da destinação dos recursos a serem captados com esse
empréstimo, em nível de Governo Federal. E justamente, naquela oportunidade, o
Ver. Hermes Dutra se revelou contra o nosso pedido de diligência, alegando que
não seria tarefa da Comissão de Justiça estar examinando aspectos de conteúdo e
de conveniência e de interesses de determinada operação de empréstimo.
"Data venia", nós temos uma concepção bastante diferente do jurídico,
não ortodoxa, no sentido de que o Direito, as leis e o jurídico, afinal, só
servem quando é para resolver os problemas humanos.
Portanto, têm que ser analisados os problemas municipais dentro da
perspectiva global da abrangência dos problemas como um todo.
A diligência foi feita e o Executivo esclareceu justamente que não
tinha os aspectos, os detalhes e os projetos em si para a aplicação desses
recursos. Quase todos os recursos, aqui, são destinados a sustentar a máquina
do funcionalismo. Os recursos para aplicação dos projetos e medidas concretas
do interesse da Cidade têm que ser obtidos no exterior, até.
Portanto, reconhecemos a procedência das preocupações que a Assessoria
Técnica, já em 1986, no decurso dos trabalhos ordinários, manifestava, bem como
a cautela do Ver. Antonio Hohlfeldt, com uma Emenda para que esses recursos
sejam aplicados em bens de capital, vale dizer, em obras e não na manutenção,
quiçá, da aparelhagem burocrática. Nós achamos que esta Casa, hoje, não pode
negar aprovação a um Projeto como este. É um Projeto de vulto, recursos de
grande soma que, indiscutivelmente, fazem falta à implementação de obras em
Porto Alegre. Estão aí as vilas populares; há dois ou três dias, aprovamos um
Projeto, aí sim, detalhadamente, com recursos para saneamento básico de sete
vilas populares. Mas há trezentas vilas populares! Discutimos, nesses dias
todos e hoje, com tanto vigor, o problema do Planejamento Urbano em sua Lei
Maior, o chamado Plano de Desenvolvimento Urbano da Cidade, que interessa, sim,
à Cidade, mas à Cidade bem situada, bem construída, com índices construtivos,
com avenidas, com áreas verdes, a metade da Cidade, porque o Plano Diretor, e
aí vai uma crítica séria ao elitismo do Plano Diretor, este, sim, reside em que
não se planeja para os 300 ou 400 mil favelados desta Cidade e recursos como
este vão com destinação a isso. Confiamos que a promessa contida na Exposição
de Motivos há de ser cumprida pelo chefe do Executivo. Não sei, mas acho que o
grande, demorado e triste período autoritário que este País passou, de repente,
ao se abrir o diálogo, o debate sobre questões concretas, manifesta-se uma
agressividade tamanha e sem medida, o que é compreensível, ainda mais num
arrocho de encaminhamento de votação como este que nós padecemos aqui na Câmara
Municipal, e nós fomos os primeiros a alertar para este aspecto. Mas não
podemos deixar que a emoção, a paixão, nos torne insensíveis ao apreciar um
Projeto desse tipo. Digo-o com a maior tranqüilidade. Tenho sido um crítico,
por vezes mordaz, do Chefe do Executivo, mas vou dar uma autorização para
S.Exa., com todos os erros, desacertos, grosserias que possa ter cometido, mas
com um indiscutível compromisso com uma grande margem da população que o
elegeu. Assim é que, respeitando as posições contrárias, me atrevo a pedir a
aprovação desse Projeto do Chefe do Executivo de um partido ao qual fazemos
quase que diariamente oposição, por crermos que não estaremos solucionando a
problemática urbana de Porto Alegre, mas, também, não estaremos cerceando que
recursos indispensáveis e necessários, a serem obtidos no Senado Federal,
venham até esta sofrida Cidade.
Essa é a nossa posição, certos de que esta Casa haverá de compreender a
razão desse posicionamento e, afinal, bem apreciando os argumentos que se
expuserem, dará aprovação, autorização na busca de recursos junto ao Senado
Federal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, gostaria de chamar a atenção do Ver. Caio Lustosa, para que pudesse
acompanhar a leitura de dois documentos que pretendo fazer.
Vou ler o art. 1º do presente Projeto: “Fica o Executivo Estadual
autorizado a contratar operações de crédito com o Banco Nacional de
Habitação...”, seguem-se os valores...
Este é o art. 1º do Projeto assinado pelo Prefeito Alceu Collares.
Vejamos, agora, o que eu dizia num aparte ao Ver. Hermes Dutra, o que
diz o Processo n.º 671/81, Projeto de Lei do Executivo n.º 21/81, encaminhado
por esta Casa e assinado pelo então Prefeito Socias Villela.
Art. 1º “... fica o DEMHAB autorizado a contratar com o BNH e seus
agentes financeiros empréstimos no valor de até 1.108.034 unidades padrões de
capital...” Seguem-se os valores destinados à rede de abastecimento de água em
vilas populares do Município de Porto Alegre, e ainda anexa a relação das
Vilas. Vejamos outro Projeto, também assinado pelo interventor, pelo Prefeito
do arbítrio, pelo Prefeito nomeado pela ditadura, mandado para esta Casa com um
pouco mais de respeito às suas proposições. (Lê o Projeto.)
Sra. Presidenta e Srs. Vereadores, estão aqui dois Processos enviados
por um Prefeito do arbítrio, nomeado, mas que pelo menos tinha por esta Casa um
pouco de consideração. Mandava pedir a autorização para o empréstimo com o BNH;
nós sempre aprovamos, mas mandava dizendo, no art. 1º, tudo que era necessário
para explicar aonde seria destinada a verba. A Câmara tinha a segurança de que
esse empréstimo seria aplicado exclusivamente onde a lei determina.
Srs. Vereadores, o Senado vota essa operação de crédito. Ver. Hermes
Dutra, V.Exa. sabe perfeitamente, o Ver. Elói Guimarães sabe também, pois até
lembro o Ver. Elói Guimarães discutindo, lembro também os Vereadores Marcos
Klassmann e Glênio Peres e este Vereador. Apresentávamos emendas detalhando a
aplicação desses projetos, em que pese vir aqui a destinação. Quando o Prefeito
era o Sr. Socias Villela, aos atuais integrantes do PDT não bastava que
constasse a destinação contida no Projeto, ainda agregavam detalhes para a
aplicação dos recursos. Agora, vem um Projeto que não diz onde será aplicado o
recurso.
Chamo a atenção dos Srs. Vereadores e do Ver. Hermes Dutra. Se sua
Emenda for vetada, o Prefeito vai encaminhar ao Senado o texto original.
Enquanto se discute aqui, tenho certeza, o Senado aprova outra lei idêntica a
esta que chancela a operação do Município e este dinheiro não terá destinação.
Legalmente a Casa aprovou sem destinação e o Senado chancela sem destinação e
fica a Casa sem saber onde o Prefeito vai aplicar.
O Sr. André Forster: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O pronunciamento de V.Exa. é absolutamente correto.
Identifiquei este Projeto com outros, pela forma como o Prefeito encaminhou
para cá, e que a Casa rejeitou, e que fizeram com que o Prefeito viesse aqui,
em Sessão Especial, se preocupar com a oposição sistemática. Mas dissemos para
ele exatamente o que V.Exa. traduz em cima deste Projeto: ao ler o Projeto, não
se encontrou nenhuma explicação ou indicação que nos dissesse para onde seriam
conduzidos os recursos. Talvez encontrasse ali algum indício ou frase de
retórica, como justificativa do emprego e nada mais do que isso. Portanto, ele
pensa que a Câmara raciocina de uma maneira mentecapta, porque acha que o que
ele pede nós devemos entender o que ele pede. Por isso, Ver. Clóvis, votamos a
favor deste Projeto com a Emenda do Ver. Hermes Dutra, se a Bancada do PDT se comprometer
em, sendo vetada a Emenda do Ver. Hermes Dutra, ser coerente com sua história
política dentro deste Plenário, quando convivemos em oposição ao Prefeito João
Dib, e se comprometer a acompanhar os Vereadores desta Casa na derrubada do
Veto à Emenda do Ver. Hermes Dutra, para que não diga o Sr. Prefeito Municipal
que há aqui oposição sistemática. Há aqui responsabilidades sobre o que se
vota, como já dissemos e agora repetimos.
O SR. CLÓVIS BRUM: Eu também desejo dizer
exatamente isso aí; se os Vereadores do PDT, de viva voz, se comprometerem em
derrubar o Veto do Prefeito, caso ele vete a Emenda do Ver. Hermes Dutra, nós
votaremos favorável. Estou traçando uma diferença de comportamento, Ver. Caio
Lustosa, irrefutável, indiscutível! Ninguém de sã consciência, e com
consciência jurídica, como V.Exa., poderá descurar ou desconhecer a diferença
que há entre um Projeto e outro. O Prefeito Socias Villela encaminha para esta
Casa, destinando os recursos à construção de habitações, etc.; o outro Projeto,
Ver. Caio Lustosa, também do Prefeito Villela, destina para o abastecimento em
vilas populares e encaminha uma relação das vilas Está aqui no Processo e por
isto nós aprovamos. Este não diz nada, só pede a autorização da Câmara. A
Câmara autoriza. O Senado vai autorizar nos mesmos termos em que a Câmara
autorizou, salvo se, no aparte do Ver. Brizolla, da manifestação do Ver. Pedro
Ruas, muito zeloso, muito responsável no seu mandato, do Ver. Isaac, muito
zeloso com as coisas do Município, do tradicional Vereador desta Casa, Elói
Guimarães, que já votou estes Projetos em administrações passadas, nos quais
vinha, no art. 1º, o objetivo da aplicação dos recursos. O Vereador Cleom
Guatimozim também votou estes projetos e exigia que, no art. 1º, se
especificasse, com clareza, onde se ia aplicar estes recursos; se estes
Vereadores, a quem tenho grande respeito, se eles me confirmarem que
acompanharão os demais no veto à Emenda do Ver. Hermes Dutra...
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
V.Exa. passa a falar no tempo do Ver. Jorge Goularte, com a concordância dos
Vereadores Elói Guimarães e Werner Becker.
O SR. CLÓVIS BRUM: Agradeço ao Ver. Jorge
Goularte e cumprimento os Vereadores que democraticamente permitiram que o
debate não fosse empanado a esta altura dos acontecimentos. Se a Bancada do PDT
nos garantir que vota favorável à Emenda do Ver. Hermes Dutra e que acompanhará
os demais integrantes desta Casa, num eventual veto do Prefeito, voto favorável
também. Por ordem, dou o aparte ao Ver. Brizolla, ao Ver. Caio Lustosa e depois
ao Ver. Pedro Ruas.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Quero comunicar-lhe que sou Getúlio Brizolla, não Brizola. É o meu
nome: Getúlio Brizolla. Exijo respeito. Que use o meu nome: Getúlio Brizolla.
Ilustre Ver. Clóvis Brum, que atende pelo nome Clóvis Fonseca Brum, retrato
porque conheço sua família, tão dentro desta grande oportunidade de se colocar
nomes verdadeiros, retrato-me com o trabalho do Prefeito Alceu Collares, que,
dentro destes Projetos, solicitou para que dialogassem e que fossem
trabalhados, discutidos entre os Líderes de Bancada. E quando falo com o Líder
do PMDB, Vereador autêntico, Clóvis Brum, que, através de uma verdade, vamos
usar o trabalho, não dialogar porque o povo está cheio de discursos.
O SR. CLÓVIS BRUM: Agradeço sensibilizado este
aparte que enriquece o meu pronunciamento e devo dizer, Ver. Brizolla - aliás,
Ver. Getúlio Brizolla -, peço desculpas... Mas, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Ver. Pedro Ruas havia solicitado um aparte. S.Exa. o Ver. Pedro
Ruas desiste do aparte. Ver. Caio Lustosa, registrando escusas a esse
companheiro e tão distinto amigo, concedo o aparte a V.Exa.
O Sr. Caio Lustosa: Realmente, fico preocupado
com esta Sessão de nostalgia que está inserida no discurso de V.Exa., em que
parece lamentar a ausência dos Prefeitos interventores que, por vinte anos,
planejaram e desplanejaram esta Cidade. Realmente, eles mandavam projetos muito
bem feitinhos tecnocraticamente, com plantas, detalhes, mas a Câmara apenas
engolia esses projetos. O próprio Ver. Cleom disse que o Plano Diretor, em
1979, foi aprovado meio que “en passant”. Mas, apesar de tudo, prefiro um
Prefeito eleito, tenha as falhas que tiver, aos prefeitos nomeados que tivemos
ao longo de vinte anos.
O SR. CLÓVIS BRUM: Na verdade, o aparte do
Ver. Caio Lustosa não abre a discussão. Eu não estou discutindo a qualidade do
Prefeito. Como posso abrir mão daquele que foi meu Líder na Câmara de Deputados
por muitos e muitos anos? Daquele que não silenciou, mas que combateu o bom combate
até, talvez, na sua ausência, nobre Vereador? Não discuto a qualidade
ideológica dos prefeitos anteriores e seus desmandos. Não estou a discutir a
ideologia política; estou a discutir os interesses da Cidade. Neste momento
interessa - e V.Exa. comentava, há pouco, dizendo que a eles V.Exa. se voltava.
Mas quais os interesses de pintar meio-fio, de plantar árvores? E até
benéficos, de promover atividades outras que não sejam aquelas que vão atender
a comunidade. Por que os interesses do Sr. Prefeito, nesse Projeto,
especificamente, não estão especificados?
Meu velho e querido Procurador-Jurídico do Estado, meu brilhantíssimo
Procurador, notável por históricas manifestações de conhecimento e saber
jurídico, lamento profundamente que V.Exa. renegue, agora, que estes Projetos
estejam piores do que esse do Sr. Prefeito. Seria uma injustiça. Esses,
aprovamos. Os Vereadores cassados Marcos Klassmann e Glênio Peres, Elói
Guimarães e outros votaram nesses Projetos do Dr. Socias Villela, e todos eles
diziam onde seriam aplicados os recursos. Agora, dar um cheque em branco ao Sr.
Prefeito Alceu Collares é uma demonstração de profundo amor. Sei que V.Exa. tem
uma devoção cívica, política e ideológica aos eleitos. Também tenho. Só que,
entre um projeto malfeito e um bem-feito, fico com o bem-feito. Andou certo o
Ver. Werner Becker, há pouco, pois não custa nada ao Sr. Prefeito mandar
informações.
A SRA. BERNADETE VIDAL
(Questão de Ordem): Eu ouvi nos corredores que nós estamos convocados. Estamos convocados
até o dia 30?
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Nobre Vereadora, eu estava aguardando a votação deste Projeto, porque não posso
interromper um Processo na sua discussão para dar esta informação. Não há
prorrogação de Convocação; o que existe é uma nova Convocação com matéria e
pauta específica; portanto, os Projetos que nós temos ainda em votação hoje
precisam ser votados no dia de hoje.
O SR. CLÓVIS BRUM: Mas há uma saída para
resolver o problema, ao invés de nós exigirmos um compromisso da Bancada do
PDT. Estou disposto a firmar este compromisso. Rejeitamos agora e o Prefeito
envia à Casa com os novos projetos da nova Convocação Extraordinária, que
iniciará não sei quando, e nós aprovaremos o Projeto. Apenas basta que nós
rejeitemos nesta Sessão - a não ser que o Prefeito retire. Na verdade, nos
termos regimentais, o Prefeito não pode retirar na Ordem do Dia. A Mesa afirma
que não pode retirar. Então, só resta uma alternativa, rejeitarmos este
Projeto, o Prefeito completa a destinação do art. 1º e nós assumimos o
compromisso de votar favoravelmente ao Projeto.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Prefiro a instrumentalidade eleitoral à
instrumentalidade autoritária. Agora, há uma diferença entre a
instrumentalidade e o exercício substancial da autoridade. Não significa que,
por preferir a instrumentalidade eleitoral possa ser obrigado a preferir o
exercício de poder daquele que foi eleito por aquele que foi nomeado, quando
aquele que foi eleito se comporte da mesma forma arbitrária como aquele que foi
nomeado. Portanto, não faço nenhuma diferença entre o Prefeito Alceu Collares e
o Prefeito João Dib.
Segundo, reitero, e me chama a atenção para o fato, diga-se tudo do
Ver. Caio Lustosa, mas ele é um homem extremamente agradecido. Entendo e a Casa
entende perfeitamente os motivos por que hoje, enquanto a Bancada do PDT cala
sobre este Projeto, ele é o primeiro a defender o Prefeito Alceu Collares,
enfaticamente, neste Projeto. É um homem extremamente grato.
O SR. CLÓVIS BRUM: Quanto à sua manifestação,
como Líder da Bancada do PMDB, devo dizer que não a desposo.
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
V.Exa. passa a falar no tempo que lhe cede a Ver.ª Jussara Cony, se assim o
desejar.
O SR. CLÓVIS BRUM: Aceito e agradeço à Ver.ª
Jussara Cony.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em respeito a V.Exa. e a todos os integrantes desta
Casa, quero dizer que não tive favores pessoais, políticos ou de qualquer
natureza do Prefeito Alceu Collares. Se alguém puder comprovar, que o faça.
O SR. CLÓVIS BRUM: Como Líder da Bancada,
quero dizer a V.Exa. que aprendemos, na Bancada, a convergir, divergir,
discutir, ter posições contrárias, como é o caso deste Projeto, mas isso não
quer dizer que o Ver. Caio Lustosa ou qualquer integrante da nossa Bancada deva
favor a quem quer que seja.
Discordo de V.Exa., Ver. Caio Lustosa, poderia ser rejeitado este
Projeto, e o Prefeito encaminharia novamente na Convocação Extraordinária,
devidamente satisfeito no mínimo com referência à destinação destes recursos. A
não ser que a Bancada do PDT se comprometa a nos acompanhar no veto.
O Sr. Cleom Guatimozim: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Informo a V.Exa., Ver. Clóvis Brum, que o Ver. Elói
Guimarães falará em nome da Bancada do PDT e dará as informações e a palavra da
Bancada a respeito.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato a V.Exa. Desejo
ouvir e quero fazê-lo com muita atenção, porque falará um Vereador antigo desta
Casa. Um Vereador que muito debateu este tipo de Projeto e que os Anais
registram os seus discursos inflamados, às vezes, é verdade, mas muito
conscientes dos clamores populares, principalmente quando se debatia a
destinação dos recursos, como, por exemplo, o que eu citei: o Projeto do
ex-interventor Guilherme Socias Villela, que, no seu art. 1º, pedia autorização
legislativa e automaticamente justificava onde iria aplicar os recursos. Para
finalizar, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, quero fazer referência ao ilustre
Ver. Raul Casa, por quem tenho uma grande admiração. É um Vereador experiente,
combativo, é verdade. Um homem que, tranqüilamente, poderia estar no PMDB!
Agora, não entendi o Ver. Raul Casa, pois ele também votou projetos como este!
E num momento de rara infelicidade, o Ver. Raul Casa concordou, equivocando-se
com a justificativa do Projeto e não se preocupando com o art. 1º de todos os
Projetos enviados pelos Prefeitos de S.Exa.: Socias Villela, Antonio Dib, todos
enviavam a justificativa. Isso não quer dizer que prefira, Ver. Caio Lustosa, aqueles
Prefeitos, absolutamente! Eu prefiro o Prefeito eleito! Só que eu gostaria que
o Prefeito eleito pela Cidade dissesse onde vai aplicar esses recursos.
O Sr. Ignácio Neis: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O Ver. Elói Guimarães lhe dará explicações sobre qual
é a posição da Bancada do PDT na Câmara Municipal. No entanto, eu me preocupo
mesmo assim, porque hoje a Bancada do PDT não é aquela que irá votar quando
vier o veto. Quando o veto vier, ou votam com o Prefeito, ou retiram-se os
Suplentes e assumem os Vereadores efetivos que estão nas Secretarias, porque o
Prefeito sempre tem ameaçado - e isto é público e notório. Então, não vale a
Bancada que está hoje aqui para os vetos. Não será a mesma do dia do veto. No
dia do veto, a Bancada é: o voto do Prefeito, representando os Suplentes e mais
os outros Vereadores, ou é dos Vereadores que voltam para cá.
O SR. CLÓVIS BRUM: Acolho seu aparte.
Entretanto, sou obrigado a discordar, porque conheço o Ver. Elói Guimarães,
assim como todos os Vereadores desta Casa. Se qualquer Vereador do PDT falar em
nome de sua Bancada, eu tenho certeza de que honrarão o compromisso. Por isso,
eu não posso concordar com V.Exa. Eu sei o passado do Ver. Elói Guimarães e de
qualquer Suplente. Se houver o compromisso da Bancada do PDT, este compromisso
será honrado, eu não tenho a menor dúvida.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer a V.Exa. que
lhe cabem carradas de razões sobre o seu pronunciamento. V.Exa. tem total razão
quando fala da desconsideração de que temos sido alvos. A Emenda do Ver. Hermes
Dutra tem ajudado a sanar isto, se, evidentemente, nós tivermos o compromisso
da Bancada do PDT. Eu gostaria de deixar registrado nos Anais da Casa: V.Exa.
tem um arquivo implacável e trouxe para o conhecimento de seus Pares
comparações que fazem com que o silêncio seja a resposta daqueles que deveriam
contestá-lo.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato a V.Exa.
O Sr. Nei Lima: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, só para uma pequena contestação aos dizeres do Ver.
Ignácio Neis. A Bancada do PDT está coesa, irá votar sempre em bloco com as
decisões que são peculiares de sua Bancada. Se o Ver. Elói Guimarães vai à
tribuna para debater o Projeto, é porque estamos preocupados com uma
advertência que nos fez o Ver. Werner Becker, pedindo que não passássemos das
24 horas de hoje. Então, é nesse sentido que estamos procurando esgotar a pauta
das discussões com dois ou três Vereadores da nossa Bancada, porque não
teríamos problemas em que os nossos 13 Vereadores usassem a tribuna. Nós
estamos fazendo com o Ver. Elói Guimarães no sentido de auxiliar a Mesa e o
Plenário desta Casa, tendo em vista que a convocação se encerra às 24 horas.
O SR. CLÓVIS BRUM: Perguntaria ao Ver. Elói
Guimarães, que deve ser o próximo orador, se gostaria que eu deixasse na
tribuna esses dois Projetos que V.Exa., também, ao nosso lado, votou em
administrações passadas e que justificam, no seu art. 1º, a aplicação dos
recursos que esta Casa naquela oportunidade autorizou ao então Prefeito Socias
Villela. V.Exa., num gesto fidalgo, diz que não é necessário, até porque V.Exa.
é muito ciente de suas decisões. Retiro-me da tribuna na certeza de que a
Bancada do PDT irá manifestar clara e transparentemente se vota ou não, no
eventual veto do Prefeito, com o propositor da Emenda e com os demais
Vereadores das demais Bancadas. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa):
Com a palavra, o Ver. Werner Becker.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, ouvi atentamente todas as ponderações sobre o Projeto e acho que
não é mera questão de capricho a nossa decisão. O comportamento do Prefeito
Alceu Collares em relação a esta Casa não dá margem a nenhuma segurança.
Cheguei a dizer mais: se depender da palavra dele, só aceito no tabelionato,
publicamente, em escritura declaratória devidamente lavrada.
Entretanto, não poderia fazer-lhe injustiça e misturar esse
comportamento com o comportamento de integrantes da Bancada do PDT. O que vale
para Alceu Collares, do que eu disse, não vale para integrantes - que a
Taquigrafia registre bem a expressão - para integrantes, e não para os
integrantes, da Bancada do PDT. Em alguns eu tenho confiado, com alguns tenho
discutido ou tenho até brigado. Mas não tenho nenhum reparo ético, até o
momento, e acho, sinto, que jamais terei a um deles. Refiro-me, especialmente,
ao Ver. Elói Guimarães, pois sei que, convencido da impossibilidade de que
fossem votar o Substitutivo apresentado por mim, hoje, foi pedir ao Prefeito a
retirada. Exercício de direito absolutamente certo, porque eu também entendia
assim, e entendia que não só os 15 dias, mas os 30 dias, como pedi que
estendessem o prazo para 30 dias. Portanto, pensando e repensando, subscrevo
todas as dificuldades, em relação ao Projeto, do Ver. Clóvis Brum, mas quero
subscrever, também, a expressão do Ver. Raul Casa, pois jamais votarei contra
esta Cidade. Se o Ver. Elói Guimarães assegurar que a sua Bancada exigirá do
Prefeito o não veto da Emenda do Ver. Hermes Dutra e, mais ainda, Ver. Elói
Guimarães, que, se o Prefeito descumprir mais uma vez a palavra, a Bancada do
PDT, aquela que estiver em peso no dia, votará contra o veto, pela manutenção
da Emenda, eu voto a favor. Se eu tiver este compromisso expresso, claro, sem
tergiversação, eu voto, mas sem tergiversações, sem reticências, eu voto a
favor, porque jamais votarei contra Porto Alegre. E sem esse compromisso
expresso, sem esse aval, sem essa fidúcia, eu estarei votando este Projeto
contra os interesses de Porto Alegre, porque não sei o que ele pretende fazer
com esse dinheiro, até porque, se pretende algo hoje, não sei se não mudará de
opinião, porque a sua rotina tem sido de mudar de opinião dia-a-dia e momento a
momento, como ontem, hoje.
(Às 21h12min, há falta de energia.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa suspende os
trabalhos e descontará o tempo de suspensão ao orador.
O SR. PRESIDENTE (às
21h14min):
Suspendemos os trabalhos pela impossibilidade de continuá-los.
Ver. Werner Becker, seu tempo será acrescido de dois minutos.
O SR. WERNER BECKER: Então, peço que se registre
o meu Requerimento, atendendo o preceito da força maior, que a Sessão de hoje
seja encerrada precisamente aos dois minutos do dia 21.
O SR. PRESIDENTE: Vou marcar mais cinco
minutos para V.Exa., porque, surpreendido pela falta de luz, não foi possível
consignar, mas tenho certeza que V.Exa. falava há cinco minutos ou um pouco
mais.
O SR. WERNER BECKER: Então, concluo. Votar sem
este aval é votar contra Porto Alegre, porque Porto Alegre ficará desprotegida
das oscilações da vontade do Sr. Prefeito, que um dia pretende uma coisa e
noutro dia pretende outra.
Encerro, dizendo que, após, encaminharei ou não, mas o meu voto vai
depender de uma manifestação do Ver. Elói Guimarães. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Elói
Guimarães, por dez minutos.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, o presente Projeto de Lei é daqueles que, cujo volume de
endividamento de Municípios e Estados, depende de autorização do Senado da
República.
Diria, Sra. Presidente e Srs. Vereadores, que a presente autorização,
basicamente, é uma promessa cuja decisão fica adstrita à soberania que tem o
Congresso Nacional. O Congresso Nacional poderá autorizar ou não que o
Município de Porto Alegre opere os recursos através da operação de crédito
devidamente traduzida no presente Projeto. Então, se nós bem examinarmos,
haveremos de convir que se trata de um ato político, jurídico, rigorosamente
aleatório. Não há nenhuma segurança absoluta de que o Senado Nacional autorize
ou não a referida operação. Partindo desta premissa verdadeira, posto que a
simples autorização legislativa municipal não assegura a aprovação do
Congresso, nem poderia ser diferente, nem se poderia argumentar diferente,
pensar diferente, porque, do contrário, estaríamos legislando para o Senado da
República. Então, trata-se rigorosamente de uma promessa, de uma tentativa
instrumentalizada pela Casa, autorizando o Executivo a chegar no Senado Federal
e pedir autorização para este endividamento. Esta é toda a verdade onde reside
matéria financeira desta natureza.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ouço V.Exa. com atenção, mas quero alertá-lo para um
pequeno erro. Se o Projeto fosse como V.Exa. está apregoando, seria diferente,
seria um projeto de lei que autorizaria o Executivo Municipal a elevar os
níveis de endividamento em até 613 milhões de cruzados. Essa é a exigência do
Senado, porque o Senado não discute taxa, não discute nada. Ele autoriza ou não
o nível de endividamento. Se assim fosse, bastaria uma lei com três artigos, no
máximo. A idéia do Prefeito vai além; viabiliza, uma vez aprovada pelo Senado,
a concretização da operação com instituição bancárias. Foi isso que se
levantou. V.Exa. tem razão quanto à preliminar, mas peca no mérito, não
delibera em tese. Lembro a memória de V.Exa. que, quando Senador da República,
o Prof. Paulo Brossard, durante longos debates, chamava a atenção para os
endividamentos que o Estado do Rio Grande do Sul estava fazendo. Em diversas
oportunidades, autorizações da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul
foram rejeitadas no Senado.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Sou obrigado a referir mais um pedacinho. Proponho-me
até a conseguir um tempo para V.Exa., mas sou obrigado a dizer que V.Exa.
continua enveredando por um outro caminho. Comentei que, se fosse especificar
para o Senado, seria para solicitar a elevação do nível de endividamento em até
Cz$ 613.500.000,00. Como está, não é em tese. Em segundo lugar, todas as
autorizações saídas da Assembléia Legislativa, sem muitas serem rejeitadas pelo
Senado, sempre tinham destinação específica, porque a destinação específica
facilita a aprovação.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Esta colocação última de
V.Exa. é que dá exatamente o pomo da discórdia que estamos tendo. E neste
sentido reclama V.Exa. através de Emenda. Então, V.Exa. concorda com a minha
afirmativa. O Senado não autoriza em tese, ele autoriza operações de crédito,
segundo a visão política que possui em cima de instrumentos dessa natureza. E
negou, em certa oportunidade, pelo trabalho do Sen. Paulo Brossard, diversas
autorizações feitas aqui, no Rio Grande do Sul, e para outros Estados da
Federação. Mas o que se tem a dizer é que temos que chegar a um consenso,
porque o Município carece de recursos. Pois, se não há recursos ordinários, se
as transferências a título de fundo perdido têm escasseado, que mecanismos
restam ao Prefeito Municipal para gerar oferta no terreno da saúde e obras
públicas, para o interesse da nossa Cidade? Essa visão a Casa não pode perder!
O Município precisa manipular recursos no sentido de aplicar, de alocar em
interesses da comunidade e do desenvolvimento da Cidade. E todos nós aqui, é
uma tese comum a todos, vivemos permanentemente cobrando uma reforma tributária
que, lamentavelmente, não sai. Reclama a Casa, o Estado, uma reforma tributária
que não veio. E não criamos as condições para que o Prefeito vá buscar os
recursos. Mas eu penso que a matéria pode transitar no entendimento de
responsabilidade aqui na Casa. E, neste sentido, passou-me o Líder da nossa
Bancada um pedido para que expuséssemos o assunto. Como se trata, no meu
entender, de uma tentativa para conseguir a autorização para operar os
recursos, nós podemos, - e aqui vai um compromisso da Bancada - tão logo o
Senado da República autorize a operação, comprometer-nos, perante a Casa, com
um programa de aplicação de recursos. É a palavra que empenha a Bancada, que
assegura a Bancada à real preocupação de V.Exas. Agora, não vai ser por este
óbice, nem pela falta deste elemento, que iremos negar o presente recurso. E é
bom que se chame a atenção para o fato de que estamos num ano atípico, do ponto
de vista do funcionamento das instituições parlamentares, porque teremos a
Assembléia Nacional Constituinte e sabemos a tramitação morosíssima do Senado
da República. Então, temos que nos prevenir em autorizar, com a devida
antecedência, o Município de Porto Alegre, para que bata às portas do Senado,
colhendo a permissão para fazer estas operações de crédito. Para completar meu
raciocínio, tão logo o Senado da República autorize a operação, tornando-a
concreta, comprometemo-nos com a Casa, para que ela, juntamente com o Prefeito
Municipal, concerte a aplicação dos recursos. Fica aqui a manifestação da
Bancada, para que a Câmara, juntamente com o Prefeito Municipal, em roda de uma
Mesa, aplique os recursos autorizados pelo Senado da República.
O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nós já temos uma experiência, viemos de outras
legislaturas, e V.Exa. sabe perfeitamente, o Ver. Cleom Guatimozim também sabe,
que isto para nós será uma lei a partir da votação. Será enviado a Brasília
como tenha sido aprovado nesta Casa. O Congresso aprovará ou não a operação de
crédito. Uma vez aprovada a operação de crédito, a Prefeitura realizará a
operação de crédito baseada nesta lei. Gostaria de perguntar se há
possibilidade de alguém se inscrever e ceder o tempo a V.Exa., porque, agora,
não tenho os avulsos, mas pediria ao Ver. Elói Guimarães que fizesse a leitura,
por gentileza, pois não li o art. 2º.
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
V.Exa. tem o tempo do Ver. Ignácio Neis, se assim o desejar.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato ao Ver. Ignácio
Neis. Leio, Vereador, o art. 2º: “As operações de crédito autorizadas por esta
Lei serão contratadas dentro das condições de prazo, carência, juros e demais
encargos vigentes à época da efetivação dos contratos”. Diria a V.Exa. que é
isso.
O Sr. Clóvis Brum: Agradeço a V.Exa., mas
exatamente o art. 3º que dá ao Executivo, Ver. Caio Lustosa, diz aqui: “Fica
também o Executivo Municipal autorizado a oferecer em garantia para as
operações de crédito mencionadas, aquelas que os agentes financeiros
solicitarem...”Normalmente, os agentes financeiros solicitam quotas do ICM.
Vejam bem que não é meramente uma proposta. É uma lei que penhora, por assim
dizer, parte da receita do ICM.
(Apartes paralelos.)
Nada conforta aqueles que gostariam de ter a Emenda do Ver. Hermes
Dutra agregada ao Projeto, transformada também em lei. Que V.Exa. simplesmente
confirme em nome da Bancada do PDT ou não, se votarão contra o eventual veto à
proposta do Ver. Hermes Dutra, até porque o Prefeito só poderá enviar essa lei
que a Câmara aprovar, com ou sem a Emenda do Ver. Frederico Barbosa.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite?
(Assentimento do orador.) Ver. Elói, V.Exa. aventou a hipótese de que, após a
aprovação dessa lei, o Sr. Prefeito se reuniria com o Srs. Vereadores e
discutiria a aplicação. Sem agravo pessoal nenhum, de hoje em diante, só me
reúno com o Sr. Prefeito no tabelionato para lavrar certidão das coisas
avençadas. Mas peço a V.Exa. que assine os termos do Evangelho, a respeito da
Emenda do Ver. Hermes Dutra e responda, nos termos do Evangelho: “Que a tua
palavra seja Sim, sim; que a tua palavra seja Não, não” e pergunto: “sim” ou
“não”? Diga “sim e terá, de minha parte, o voto.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: A posição de nossa Bancada
será colocada transparentemente.
O Sr. Werner Becker: “Sim” ou “não”?
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sim, vou desenvolver o
raciocínio. Mentalmente V.Exa. está seqüestrando-me a idéia. Está deixando-me
num dilema. É um seqüestro intelectual; V.Exa. está atabalhoando-me.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. mentalmente está
conturbando-me com a habilidade que lhe é capaz. Quero que V.Exa. diga sim.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Se V.Exa. me der tempo para
desenvolver, eu vou dizer sim ou não, desde que V.Exa. permita que eu prossiga
na minha modesta e desinteressada análise de projetos de magna importância para
os interesses sociais da Cidade.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero que V.Exa. me dê o direito de interpretar a
resposta de V.Exa. como eu entender e até, se V.Exa. colocar a palavra sim com
algum adjetivo, entenderei como não.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Vou pedir que V.Exa.
reflexione melhor na posição que acaba de tirar e colocar neste aparte, de que
jamais sentará à Mesa com o Sr. Prefeito Municipal.
O Sr. Werner Becker: Disse que jamais sentarei
com ele para avençar alguma coisa, para avençar alguma coisa que não fosse no
tabelionato. Mas, para conversar, para trocar idéias, receber as idéias dele,
que são sempre originais... Mas, para avençar alguma coisa, só no tabelionato.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: V.Exa., investido nas
funções de representante de Porto Alegre, do seu povo, não pode recusar-se,
quando necessário, a sentar à Mesa com o Sr. Prefeito Municipal, para discutir
e decidir questões do interesse da Cidade.
O Sr. Werner Becker: V.Exa. não distorça o que
eu disse. Se o Sr. Prefeito me telefonar agora para que eu converse com ele,
para que eu dialogue com ele, eu vou. Agora, para avençar com ele, para
contratar, para acertar com ele, eu digo só amanhã, às 8h30min, quando abrem os
tabelionatos.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: E bom que se diga que os
órgãos federais, uma vez autorizada pelo Senado da República a operação de
crédito, têm aqueles denominados cadernos, onde há uma série de exigências, e
isto também cria dificuldades para aplicação neste estágio do processo. O Ver.
Rafael Santos, homem de larga experiência, não só legislativa como executiva, é
um homem que conhece bem. Vejam V.Exas. as dificuldades que se antepõem para se
estabelecer quais as obras que se vão realizar. O BNH fazia um conjunto de
exigências para aplicação de recursos. Hoje, é a Caixa Econômica Federal.
Então, este dado afasta, pelo bom senso e pela objetividade, a Emenda Hermes
Dutra.
O Sr. Rafael Santos: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Elói Guimarães, realmente V.Exa. tocou no
ponto que me parece de significado extraordinário. Graças ao centralismo
existente hoje, o Governo Federal direciona aquilo que julga correto, devido e
financiado. E só é possível obter esse financiamento se o Executivo Municipal -
que no caso estamos tratando - seguir nesta direção. Eu exemplifico: se houver
uma linha de crédito para a construção de ginásios cobertos, não adianta pedir
dinheiro para construir casas. Pode ocorrer muitas vezes que, no âmbito
municipal, pareça um erro: eu estou pedindo dinheiro para construir ginásios e
estamos precisando de casas. Mas acontece que, para casa, não existe linha de
financiamento e, para ginásios cobertos, sim. Nesse sentido, eu dou razão a
V.Exa. Só é possível estabelecer um elenco de obras a serem realizadas com
empréstimo, quando se chega na parte realmente de contrair o empréstimo, pois
aí o Executivo saberá que linhas de crédito existem e onde é possível chegar e
obter o empréstimo.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: V.Exa. elucida e enriquece
o debate, posto que, uma vez seja autorizado pelo Senado e tendo o Município
buscado a autorização para fazer a operação de crédito, os órgãos federais vão
estabelecer setores, áreas para aplicar os recursos.
O Sr. Clóvis Brum: Não cometa o crime de...
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Deixe-me concluir o
raciocínio, Vereador, porque estamos aqui na iminência de inviabilizar recursos
importantes a serem alocados nas áreas sociais desta Cidade de Porto Alegre. A
Emenda Hermes Dutra está recheada de indiscutíveis intenções, mas pode oferecer
dificuldades intransponíveis à operação desta matéria.
Fica aqui o nosso alerta e a nossa manifestação. Em nome da Bancada do
PDT, fica o compromisso de discutirmos, uma vez aprovado pelo Senado da
República, com a CÂMARA, a área de aplicabilidade dos recursos, observado o que
o órgão federal determinar, Ver. Aranha Filho. O BNH, a CEF faziam assim. A Caixa
Federal, por exemplo, pode determinar que este recurso só pode ser alocado em
saneamento básico, em escola, ou em casas, em transporte coletivo etc. etc.
O Sr. Rafael Santos: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria, apenas para elucidar o que V.Exa. está
dizendo. Certa vez, quando estava à testa da Secretaria Municipal de Educação,
saí de Porto Alegre para obter recursos para a construção de bibliotecas em
parques de Porto Alegre. Voltei de Brasília com recursos para a construção de
cinco quadras de esportes. Por quê? Porque, para construir bibliotecas, não
encontrei interessado. Mas encontrei, na Secretaria de Esportes, do Ministério,
verbas disponíveis. Eu realmente entendo isso. Não depende muito remotamente do
Executivo escolher o local onde buscar o recurso. Depende muito mais do órgão
federal.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato a V.Exa. Encerro,
entendo que, em nome principalmente da Cidade, das suas dificuldades, o
presente Projeto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é algo irrecusável. Em nome
do futuro da Cidade e dos seus problemas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Com a palavra, o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidenta e Srs.
Vereadores, confesso que, até o momento do final da intervenção do Ver. Elói
Guimarães - e eu peço a atenção do mesmo -, eu pretendia votar a favor do
Projeto, com a Emenda do Ver. Hermes Dutra. Agora, peço ao Ver. Elói Guimarães:
não podemos aprovar em branco metade do orçamento desta Prefeitura. Isto é
impossível. Eu estava na mesma linha de pensamento do Ver. Caio: dá para
confiar no Prefeito, porque ele quer fazer alguma coisa nesta Cidade. E, com a
Emenda, tínhamos toda tranqüilidade. E acho que nós já aprovamos nesta Casa - e
peço, inclusive, o testemunho de V.Exa. - no dia de ontem, sobre o PROSAVI do
DMAE, do qual fui Relator na Comissão de Transportes. E não trancamos o Projeto
nesta Casa, V.Exa. é testemunha, pelo menos na Comissão em que fomos Relator.
Veio o organograma de obras, veio o detalhamento, discutimos com o Presidente
do DMAE e aprovamos rapidamente. Agora, V.Exa. há de convir que 700 milhões de
cruzados não são 70 mil. Eu esperava, Ver. Elói - e por isto tinha
tranqüilidade no meu voto -, que a sua palavra, consultado o Prefeito, é de que
a Emenda seria aprovada, que o Prefeito aceitava a Emenda, como aceitou em
vezes anteriores. Inclusive, eu fiz questão de usar o tempo de discussão para
lhe possibilitar lhe a réplica. Acho uma questão de responsabilidade da Casa,
independente de todo e qualquer episódio ocorrido no período em que estamos
votando, mas 700 milhões de cruzados ampliam a dívida da Cidade de uma maneira
grave. Resistia à idéia de votar contrário, mas confesso-lhe que, sem a
garantia da Emenda, V.Exa. me convenceu a votar contra. Com toda seriedade com
que tenho levado meu trabalho aqui, e fiz questão de intervir neste momento
para que V.Exa. pudesse debater comigo e com a Casa, pois acho grave essa
colocação de uma negativa. O Prefeito pode rebelar-se ou ter queixas de
Vereadores, é uma coisa, mas não podemos nos negar a tentar compor decisões
sobre a Cidade.
O Sr. Elói Guimarães: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Estamos diante de uma crise de confiabilidade? Não
acredito que haja isto. Por enquanto, não há uma crise de confiabilidade entre
nós e o Executivo. Podemos ter discordâncias ideológicas. Veja o que diz a
Emenda: (Lê.) “O produto das operações de crédito aqui previsto será empregado
exclusivamente em despesa de capital, devendo ter prévia aprovação da Câmara.”
Eu propus da tribuna que, tão logo o Senado da República autorize o
endividamento, vamos determinar onde serão aplicados os recursos. Veja V.Exa. o
consenso democrático no interesse dos problemas da Cidade.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Vereador, isto não tem
força de lei: sentar à Mesa. É diferente de um projeto que seja encaminhado à
Casa.
O Sr. Elói Guimarães: Faço contraponto a V.Exa.
para dizer: e se a presente Emenda criar obstáculos à autorização? Veja V.Exa.:
“devendo ter prévia aprovação da Câmara”, significa dizer que nós temos que
trazer junto um programa de obras, de serviços. Nós não podemos comprometer
todo um processo que tem morosidade de tramitação no Senado da República,
porque o Senado, com grande antecedência, mormente num ano atípico - nós
estamos no ano da Constituinte, da Constituição -, ...Então, as funções normais
do Parlamento Nacional serão naturalmente prejudicadas e estaríamos, aí,
prejudicados. Estaríamos criando um obstáculo intransponível à Cidade para
conseguir os recursos.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Vereador, das duas uma: ou
este Projeto, para ser enviado ao Senado, precisa do detalhamento - portanto
ele existe - ou este detalhamento não precisa e pode ser feito posteriormente.
Se é pela Prefeitura e não deve retornar mais ao Senado, não vamos retardar
nada, e ele será enviado da mesma forma. Aprovamos, emendamos, se for o caso, e
o detalhamento caberá ao Município, e a prestação de contas é para o órgão que
vai fiscalizar. Não é problema de confiabilidade ou de crise de confiabilidade.
É problema de encaminhamento prático da questão. Não se faz política só com
confiança, mas também com a letra da lei. Na letra da lei, não existe isso.
O Sr. Elói Guimarães: Ao Senado não interessa, ao
órgão federal sim. Só se a Caixa Econômica, a partir de agora, mudou toda uma
programática...
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Para a Caixa, isso ou já
existe, ou vai ser feito. Se vai ser feito...
O Sr. Elói Guimarães: O Senado sequer autorizou a
operação.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Vereador, porque, então, em
vez de se pedir 600 ou 700 milhões, no total, não se pede 200, 300 ou 400, se
não tem projeto nenhum feito? Então, existe um mínimo de projetos que autorizou
pedir 400. Então, vamos detalhar esses 700.
O Sr. Elói Guimarães: Veja V.Exa. que o Senado
vai autorizar o limite da operação. Isso não significa dizer que o Município
vai operar esse todo. No momento de contratar a operação de crédito, o órgão
financiador vai fazer as exigências e a Caixa Econômica Federal, a exemplo
histórico do BNH, pode estabelecer os chamados cadernos, ou seja: olha, tem que
aplicar no saneamento, não pode aplicar aqui, não pode aplicar ali. Isso é
vetusto, é matéria ampla e sobejamente conhecida.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: E esta Casa pode decidir
não aceitar certas imposições desses órgãos.
O Sr. Elói Guimarães: É o momento da Casa chegar
na questão da aplicação dos recursos.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite?
(Assentimento do orador.) Eu quero deixar bem claro, confesso que uma questão
que eu achava que era bem simples, parece-me que o Ver. Elói Guimarães está
fazendo uma coisa que não é seu feitio, está conseguindo complicar. Veja bem o
que diz o Projeto de Lei, vou ter que ser didático: (Lê.) “Autoriza a contratar
empréstimo, autoriza a empenhar receita do Município, autoriza a abrir os
créditos adicionais”. E lá, o antepenúltimo artigo, diz o seguinte: (Lê.) “O
produto das operações de crédito...” Só pode existir produto de operação de
crédito depois que um banco liberá-lo, não existe antes. Aqui não é autorização
para o Senado, coisa nenhuma; é produto de operação de crédito: “será empregado
exclusivamente”. Tem uma vírgula aqui, que é a Emenda: “devendo ter prévia
aprovação da Câmara”. Essa Emenda foi apresentada há uns cinco ou seis dias,
quando a Ver.ª Jussara Cony me passou para relatar. Inclusive, foram feitas
algumas consultas. Confesso publicamente a minha estranheza, V.Exa. utiliza uma
argumentação de plaquê.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Sra. Presidente, gostaria que a Mesa solicitasse que se faça silêncio,
porque eu estou aqui atrás e não ouço nada.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa não pode fazer
silêncio, mas pode solicitar aos Srs. Vereadores para que o façam.
O Sr. Ignácio Neis: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Sra. Presidente, o que diz o Ver. Elói Guimarães, que
nós podemos sentar à Mesa, Câmara, Executivo, etc., isso é inviável, utópico,
ilusório, porque o Prefeito já prometeu publicamente, pela Bancada do PDT, no
projetinho simples “Adote uma praça”, que, em sua regulamentação, sentaria com
as Lideranças, etc. e nada foi feito. Enrolaram-nos num projetinho sem maiores
repercussões, quanto mais nesse monstro que está aí.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para esclarecer. Eu me comprometi em votar este
Projeto desde que viesse com a aprovação formal tácita, expressa, da Emenda do
Ver. Hermes Dutra; não vindo, reservo-me o direito de revisar o meu
posicionamento.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Eu encerro, Sra. Presidente.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Solicito ao Sr. 3º Secretário que proceda à verificação de “quorum”.
O SR. 3º SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal
dos Srs. Vereadores.) Há “quorum”.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Estando na Ordem do Dia e em encerrando-se o horário regimental, declaro
prorrogada a presente Sessão por mais duas horas e dois minutos.
O SR. GETÚLIO BRIZOLLA
(Questão de Ordem): Quero saber se o relógio está funcionando.
O SR. PRESIDENTE: Está. Encaminhada pelo PDT
o Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, parece que o debate avançou e tornou a matéria digna da dimensão
que possui. Trata-se de pedir ao Senado da República autorização de um volume
significativo de recursos para operações de crédito. Mas a questão ancorou, por
assim dizer, na Emenda Hermes Dutra. Então, em nome da Bancada do PDT, queremos
declarar que aprovamos a Emenda do Ver. Hermes Dutra, com as observações feitas
na discussão. Se alguma dificuldade surgir em nível de organismo federal,
haveremos de encontrar uma forma de superar o impasse. Portanto, a Bancada do
PDT vota favorável à Emenda. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. Lauro
Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, tenho sido muito parcimonioso em vir à tribuna, porque acho que
esta Casa já está com os ouvidos, não moucos, mas loucos de tanto ouvir. Mas,
num Processo de tal importância, não posso deixar de vir colocar a posição do
PCB. Desde o início, vimos nos avulsos a apregoação do pedido do Sr. Prefeito
para que esta Casa desse a autorização para o encaminhamento dos impressos. Eu
já me havia posicionado favoravelmente à aprovação deste pedido. Uma coisa é
divergirmos do Executivo em outras questões, como por exemplo o PDDU, a Reforma
Tributária, os Conselhos Populares. Outra coisa é nós nos mantermos numa
posição intransigente a todos os Projetos. Este, por exemplo, é um em que temos
que ter a sensibilidade para entender a intenção do Executivo. Eu sei, todos
sabem, que de boas intenções está pavimentado o chão do inferno, para quem
acredita nele - não é o meu caso. Estou citando apenas uma frase corrente. Mas
comecei a me preocupar com a dificuldade que tinha a Bancada do PDT em
explicitar a sua concordância com a Emenda do Ver. Hermes Dutra, que, afinal de
contas, é um mínimo de garantia que esta Casa precisa para que as coisas não
corram assim tão ao sabor das conveniências do Executivo. Quero declarar que,
embora ainda um pouco sestroso, eu acredito na palavra do nobre Ver. Elói
Guimarães e vou votar favoravelmente ao Projeto do Executivo. Não tenho nenhum
direito, mas devo fazer esta observação. A ilustre Bancada do PDT está - não
sei por que - criando, às vezes, alguns problemas para o entendimento das
outras Bancadas nesta Casa. Faria um apelo muito fraternal para que se pudesse
ter mais tranqüilidade. Os exemplos recentes não devem servir de parâmetro para
o nosso comportamento. Apelo para o bom senso da Casa. Acho que, pelo discurso
do Ver. Elói Guimarães, esta Casa terá um mínimo de respaldo para, no futuro,
exigir do Prefeito o cumprimento do que foi dito aqui. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Clóvis Brum pelo PMDB.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. Conheço o Ver. Elói Guimarães. Não estranhei sua manifestação na
tribuna, há pouco, porque é um homem eminentemente inteligente. Saiu daqui sem
dizer nada, absolutamente nada. O Ver. Elói Guimarães recheou esta Casa de
desinformação. É brincadeira! É brincadeira, meu querido Ver. Elói, dizer que
os órgãos federais é que determinam a aplicação. Será que eu não li, há pouco,
dois projetos do Prefeito Socias Villela? É nesta Casa que se determina a
aplicação dos recursos. Agora, se é para facilitar, faço nobre o juízo de
V.Exa., dizendo aos interessados na aplicação dos recursos, às áreas, às
secretarias, que cabe a eles conseguirem os recursos para aplicar em tais, tais
e tais locais. Enviem à Casa o Projeto destinado à aplicação e está resolvido.
Sempre foi assim, nunca foi igual ao que o Ver. Elói Guimarães falou há pouco.
Tem certas coisas que são para enrolar. Ver. Elói Guimarães, eu tenho que fazer
esse desabafo, até porque V.Exa. sabe que o quero muito, mas foi para enrolar.
Nós não estamos aqui para sermos enrolados! Eu perguntei o seguinte: vota com a
Emenda e derruba o veto, claramente ou não? Não. Ora, não estou aqui para ser
enrolado. Vota a Emenda, chega aí o Prefeito e assina o veto e daí? É
brincadeira! E vou dizer mais, o Secretário do Planejamento sussurrou ao ouvido
do Ver. Elói Guimarães, há pouco, que votasse a Emenda. Mas, evidente, deixa
votar a Emenda, é claro e, depois, o que acontece? O sorriso largo do Secretário
do Planejamento diz tudo. Tranqüilamente.
O trato da coisa pública não deve ser levado para o lado da amizade
pessoal. São seiscentos milhões de cruzados, seiscentos bilhões de cruzeiros.
Nunca passou por essa Casa tamanho orçamento! Metade do orçamento, diz o
Presidente de Comissão da Casa. Nunca passou isso por aqui sem uma
justificativa.
Voto contra o Projeto e a Emenda, porque não vou-me enrolar. O Ver.
Elói Guimarães ocupou três tempos aqui. Três tempos. Três tempos e não disse
nada. Agora, vai num diálogo pessoal com o Ver. Hermes Dutra e diz: “Não, não
vai ser vetado”. Ora, o Líder do PDT, Ver. Cleom Guatimozim, experiente, com a
experiência de 25 anos, meio século, meio século de Vereador, não veio para a
tribuna. Ah, não veio. Não veio porque tentou com o Sr. Prefeito e esse não o
deixou comprometer-se. O Sr. Prefeito não deixou o Ver. Cleom Guatimozim se
comprometer. Experiente o Ver. Cleom Guatimozim, muito experiente.
Sr. Presidente, não será com gritos que vamos aprovar seiscentos milhões
de cruzados.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, por dois motivos: primeiro, porque presto extrema atenção,
palavra por palavra do que diz o Ver. Clóvis Brum; portanto, tenho direito a
isso. Segundo, para não obrigá-lo a gastar o timbre de voz nas últimas duas
horas que faltam, eu peço que advirta o Plenário e especialmente àqueles que
estão intervindo que este encaminhamento não permite aparte, muito menos
intervenções absolutamente informais.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
A Mesa assegura ao orador a palavra e pede que S.Exa. declare o tempo que lhe
foi retirado e termine o seu discurso.
O SR. CLÓVIS BRUM: Eu concluo dizendo o
seguinte: vou votar tranqüilamente contrário ao Projeto, porque eu vou andar
nas vilas e vou mostrar o Projeto do Prefeito, que não contemplava vila alguma.
Eu vou andar nos bairros e vou mostrar que o Projeto do Prefeito não
contemplava bairro nenhum. No Projeto do Prefeito, não está o Bairro Belém
Novo, do Ver. Nei Lima, nem está o Bairro Rio Branco, do Ver. Caio Lustosa. No
Projeto do Prefeito, não está contemplado nenhum bairro, nem uma vila desta
Cidade. O Prefeito saberá distribuir quem sabe para quem e quem sabe...
O SR. NEI LIMA (Questão de
Ordem):
Tendo em vista que para a maioria do Plenário não ficou consignado nos Anais
desta Casa, este Vereador afiança, em nome de sua Bancada, por delegação de seu
Líder e Vice-Líder, que a matéria será aceita com a Emenda do Ver. Hermes
Dutra. Caso contrário, este Vereador, o Ver. Elói Guimarães e o Vereador-Líder
Cleom Guatimozim, mais outros acompanhantes, derrubarão o veto do Prefeito
Municipal.
(Apartes paralelos.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa determina à
Taquigrafia que retire a Questão de Ordem por ser absolutamente impertinente,
até para que V.Exa. não sofra o crivo de sua Bancada.
(Apartes paralelos.)
A Mesa já tomou as medidas “in limine” e “in fine”.
O SR. ARANHA FILHO (Questão
de Ordem):
Não sou muito amigo de termos latinos, mas pediria a V.Exa. que solicitasse à
Bancada do PDT para encaminhar a matéria.
(Apartes paralelos.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
A Mesa pede um minuto de reflexão no sentido de levarmos os trabalhos dentro da
postura que nos exige o Regimento Interno, que nos exigem os nossos mandatos e
encarece a colaboração dos ilustres colegas que têm o poder de Plenário.
Pedimos para o orador concluir.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, eu tenho
ainda um minuto e meio?
O SR. PRESIDENTE: Meio minuto.
O SR. CLÓVIS BRUM: Para concluir. O Ver. Cleom
Guatimozim me faz um gesto que não entendi. (Pausa.) O Ver. Elói Guimarães
também faz um gesto e faz um gesto positivo para eu encaminhar contrário ao
Projeto... Não entendi. Votamos contrário ao Projeto, pedindo para que o
Prefeito encaminhe, na nova Convocação Extraordinária, se assim entender,
detalhando a aplicação final. Porque são 6 milhões de cruzados. Este Vereador,
Sr. Presidente, já foi tão prejudicado com Questões de Ordem que não eram
Questões de Ordem, e agora continuo sendo prejudicado até na conclusão do meu
raciocínio. Mas concluo dizendo que votamos contrário. O Projeto não está
correto, não tinha necessidade de ser incluído na Convocação Extraordinária, e
nós não vamos assinar um cheque em branco para o Prefeito de seis milhões de
cruzados. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Ignácio Neis.
O SR. IGNÁCIO NEIS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, se encaminhar favorável não sou mais Líder, porque não poderia ir
contra a minha própria consciência, porque não saberia ser Líder da Bancada se
eu violasse a minha consciência num Projeto de tamanha importância e de tamanha
repercussão. O saudoso Ver. Valneri Antunes, Líder do PDT, Líder de si mesmo,
porque quase sempre votava sozinho os Projetos, conforme a sua consciência,
encaminhava conforme a sua consciência e mantinha-se na Liderança, dada a sua
grande força de Liderança, força moral, talvez, que outros não tiveram para
contestar sua liderança contra doze votos. Assegurava da tribuna, como
Liderança, encaminhamentos como Líder de Bancada, coisas que, absolutamente,
poderia cumprir, porque era voto único, sozinho, era um "monológo",
defendendo os oprimidos, as pessoas humildes, mas muitas vezes vimos que, mesmo
na Liderança de um Partido com 13 Vereadores, 12 votavam contra a Liderança.
Agora, já temos três votos que vão ajudar a derrubar o veto. Três votos do PDT.
Mas quem me diz que os Vereadores Aranha Filho, Valdomiro Franco, Bernadete
Vidal, Antonio Hohlfeldt, Lauro Hagemann ou outro não substituam os votos dos
Vereadores Nei Lima, Cleom Guatimozim e Elói Guimarães e, com isto, nós
tenhamos o Projeto aprovado? Estamos convictos de que esta Emenda não sana o
problema. A Bancada está certa disto, na sua maioria. Este Projeto é
incompleto, porque não é claro, não tem informação para onde se destinam os
recursos. Nem na Exposição de Motivos temos esta informação. Não diz se os
recursos são para vilas pobres, para praças, para colégios, saúde ou carnaval.
E nos cobram dizendo que poderemos sentar à Mesa com os Vereadores, com as Lideranças,
para discutir um programa de aplicação dessa verba. Votamos um Projeto aqui
chamado “Adote uma Praça”, sob a condição solene e pública de que sentariam com
as Lideranças e com os Vereadores, principalmente do PFL, que votaram a favor e
aprovamos o Projeto com os Vereadores do PDT com a promessa de que sentaríamos
e até já tínhamos pessoas, o Ver. Frederico Barbosa, representando a Bancada
nessa discussão. O que fez o Prefeito Municipal? Em vez de reunir as Lideranças
e Bancadas para regulamentar a Lei, buscou as notas taquigráficas e dali
concluiu o que os Vereadores queriam. Pergunto: da taquigrafia de hoje dá para
sentirmos o que os Vereadores de Porto Alegre exigem com esta verba? Não há
possibilidade, pois, com esta verba, não há possibilidade nenhuma, porque aqui
foi cobrado pelos Vereadores um plano de aplicação. Não existe aplicação. Somos
muito mais severos com verbas que iriam ser aplicadas no Jardim Camaquã e que
bastou o Prefeito Dib sair e assumir Collares para vir o resto do dinheiro e até
hoje, na Joaquim Louzada e outras que estariam incluídas na urbanização da
Vila, somente o lado em que mora o Ver. Wilton Araújo é que foi calçado. Por
isso, encaminho contra porque, se formos votar a favor, estaremos respondendo
às nossas consciências no dia de amanhã e ao povo de Porto Alegre. O próprio
PDT não tem o “quorum” dele próprio para derrubar veto nenhum, nem para aprovar
Projeto desta ordem, e não tem convicção do que aqui apresenta. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, o Ver.
Werner Becker. Cinco minutos sem apartes.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Srs. Funcionários da Casa, esperava esse comportamento do nobre
Ver. Elói Guimarães, que, um dia, nesta tribuna, se declarou cristão e hoje, em
consonância com a fé que professa, se negou a jurar o que podia ser uma
falsidade. Minhas homenagens mais uma vez ao Ver. Elói Guimarães. Sabia que não
podia comprometer-se, mesmo porque quem pode comprometer-se hoje com a vontade
do Sr. Prefeito, se o próprio Sr. Prefeito não sabe o que quer; se as
oscilações volitivas do Sr. Prefeito nem mesmo ele as controla? E a Cidade está
sujeita a elas; se um dia ele quer uma coisa, no outro dia ele quer outra. Se
hoje ele afirma uma coisa, amanhã afirma outra. Como iria jurar perante esta
Casa o Ver. Elói Guimarães? Como coloquei inafastável a condição de votar a
favor da Emenda, o compromisso de que toda a Bancada do PDT recusasse o veto,
se a oscilação volitiva do Prefeito no dia de sufragar o Projeto fosse a de
vetá-la, se ele se recusou a esse compromisso e se o próprio Ver. Nei Lima em
intervenção anti-regimental também disse que ele e mais alguns, sem saber
determinar quais... Eu tenho esperança de que esta oscilação volitiva não tenha
afetado em nada a Bancada do PDT - já tinham a sua posição.
Devo dizer que, fiel à premissa por mim firmada, votarei contra. Ver.
Hermes Dutra, peço a sua atenção. Votarei contra porque o Ver. Elói Guimarães
não se comprometeu com a Emenda. E votarei contra porque o Ver. Nei Lima soube
identificar que é possível que a sua Bancada vote a favor da Emenda. Tudo vale,
à semelhança da Administração Municipal. Se a Casa houver por mal em aprovar o
Projeto, eu votarei contra a sua Emenda, Ver. Hermes Dutra, porque, nos termos
propostos, votar a Emenda de V.Exa. é confiar num papagaio que vem sem emitente
e sem avalista. Prefiro votar contra a Emenda de V.Exa. porque, desavalizada,
ela perdeu qualquer conteúdo e, portanto, não há por que votar a favor da
Emenda. Tanto fará aprovarmos a Emenda do Ver. Hermes Dutra como não
aprovarmos, porque o Sr. Prefeito vetará, ou não vetará? Não temos garantia de
que vetará ou não. Se sabe se vai vetar, possivelmente não vete, e se sabe que
não vetará, possivelmente vete.
Votarei contra, pois não entregarei esta enorme quantia ao arbítrio das
oscilações do Sr. Prefeito. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa chama a atenção dos
Srs. Vereadores de que passará, neste momento, ao processo de votação. Para
tal, pede a gentileza dos Srs. Vereadores ocuparem suas tribunas.
O SR. JORGE GOULART: Para um requerimento, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra.
O SR. JORGE GOULART: Requeiro votação nominal
para o Projeto de Lei do Executivo n.º 25/86.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os
Vereadores que aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.) APROVADO.
O SR. 2º SECRETÁRIO: Adão Eliseu (sim), André
Forster (não), Antonio Hohlfeldt (sim), Aranha Filho (não), Bernadete Vidal
(não), Caio Lustosa (sim), Cleom Guatimozim (sim), Clóvis Brum (não), Elói
Guimarães (sim), Ennio Terra (sim), Gladis Mantelli (sim), Hermes Dutra (não),
Ignácio Neis (não), Jaques Machado (sim), Jorge Goularte (não), Jussara Cony
(não), Lauro Hagemann (sim), Luiz Braz (ausente), Mano José (ausente), Nei Lima
(sim), Paulo Sant'Ana (sim), Rafael Santos (não), Raul Casa (não), Teresinha
Chaise (ausente), Valdomiro Franco (não), Isaac Ainhorn (sim), Werner Becker
(não), Getúlio Brizolla (sim), Pedro Ruas (sim), Auro Campani (sim), Frederico
Barbosa (não), Wilson Santos (não).
O SR. PRESIDENTE: Quinze votos SIM, 14 votos NÃO. APROVADO o Projeto.
O Sr. 2º Secretário procederá à leitura da Emenda n.º 01.
(É feita a leitura.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Em votação a Emenda n.º 01. O Sr. 2º Secretário fará a chamada para a votação
nominal.
O SR. 2º SECRETÁRIO: Adão Eliseu (sim), André
Forster (sim), Antonio Hohlfeldt (sim), Aranha Filho (sim), Bernadete Vidal
(sim), Caio Lustosa (sim), Cleom Guatimozim (sim), Clóvis Brum (não), Elói Guimarães
(sim), Ennio Terra (sim), Gladis Mantelli (sim), Hermes Dutra (sim), Ignácio
Neis (sim), Jaques Machado (sim), Jorge Goularte (não), Jussara Cony (sim),
Lauro Hagemann (sim), Luiz Braz (ausente), Mano José (ausente), Nei Lima (sim),
Paulo Sant'Ana (sim), Rafael Santos (sim), Raul Casa (sim), Teresinha Chaise
(ausente), Valdomiro Franco (não), Werner Becker (não), Isaac Ainhorn (sim),
Getúlio Brizolla (sim), Pedro Ruas (sim), Auro Campani (sim), Frederico Barbosa
(não), Wilson Santos (sim).
O SR. 2º SECRETÁRIO: Vinte e quatro votos SIM, 5 votos NÃO.
O SR. PRESIDENTE: APROVADA a Emenda.
Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Cleom Guatimozim,
solicitando seja o PLE n.º 25/86 dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
Sobre a mesa, Ofício n.º 36, enviado à Casa pelo Sr. Prefeito. Solicito
à Sra. 1ª Secretária que faça a leitura.
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: (Lê.)
“Of. n.º 036/GP
Paço dos Açorianos, 20 de
janeiro de 1987.
Senhor Presidente:
Dirijo-me a Vossa Excelência a fim de convocar extraordinariamente essa
Câmara Municipal de 21 a 30 do corrente mês, com fundamento no art. 64, XII, da
Lei Orgânica do Município, com a finalidade de apreciação dos projetos de lei,
deste Executivo, que estabelecem reajustamento tarifário na forma dos índices
fixados pelo Ministério de Desenvolvimento Urbano - MDU.
Os projetos bem como a exposição de motivos e demais documentos serão
enviados, imediatamente, a essa Casa.
Na oportunidade, envio a Vossa Excelência minhas cordiais saudações.
(a) Alceu Collares,
Prefeito.”
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
A Sra. Secretária fará a leitura do Edital.
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: (Lê Edital de Convocação.)
“EDITAL DE CONVOCAÇÃO
O PRESENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE, no uso de suas
atribuições legais, atendendo ao ofício n.º 036/GP, de 20 de janeiro de 1987,
do Senhor Prefeito Municipal, CONVOCA os Senhores Vereadores para a Sessão
Legislativa Extraordinária, a realizar-se de 21 a 30 do corrente mês, no
horário regimental, para apreciação do Projeto de Lei do Executivo que
estabelece reajustamento tarifário na forma dos índices fixados pelo Ministério
de Desenvolvimento Urbano - MDU.
Gabinete da Presidência da Câmara Municipal de Porto Alegre, 20 de
janeiro de 1987.
(a) Brochado da Rocha,
Presidente.”
O SR. ANDRÉ FORSTER: Gostaria que a Sra.
Secretária ratificasse os termos da leitura. O Prefeito Municipal convoca a
Câmara extraordinariamente ou prorroga a partir de amanhã.
A SRA. SECRETÁRIA: Não prorroga, convoca.
O SR. ANDRÉ FORSTER: Convoca e não envia junto o
projeto, nem dá definição de tempo.
A SRA. SECRETÁRIA: De 21 a 30 do corrente.
(Lê.) “Projeto, bem como a Exposição de Motivos e demais documentos serão
enviados imediatamente a esta Casa.”
O SR. ANDRÉ FORSTER: Agradeço, mas gostaria de
registrar que estamos recebendo uma convocação extraordinária com a colocação
etérea, diluída, de que imediatamente receberemos os documentos para apreciação
deste Processo. Faço questão de deixar registrado isso, Sr. Presidente, porque
não nos coloquem em situações, de novo, de decisões açodadas, porque não
sabemos quanto tempo representa o imediatamente que poderá ser o depois de
amanhã, quem sabe na quinta-feira. Até lá, Sr. Presidente, o encerramento da
Sessão Extraordinária hoje, nós ficamos à mercê de uma colocação absolutamente
inócua, porque a convocação deveria, no mínimo, fazer-se ao acompanhar das
peças que deveriam instruir esse Processo. Fique registrado na Casa, no momento
em que se faz a leitura desta Convocação, que não estamos recebendo e que se
chama a atenção à opinião pública, mais uma vez, destas confusões causadas por
açodamentos, porque só posso interpretar uma convocação de Sessão
Extraordinária, sem os documentos que embasam esta convocação, como açodamento
para uma Convocação Extraordinária.
Era a consideração que queria fazer. Obrigado.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa ao Ver.
André Forster que, amanhã, às 14h, convocará as Lideranças para examinar, “in
totum”, toda a problemática referente à documentação referida no último
parágrafo do Ofício. E tomará as providências cabíveis em relação ao fato, que
não passará despercebido à Presidência da Casa. Muito ao contrário. Tanto é que
desci aos registros da Casa para saber se o documento não havia entrada, para
saber se o “imediatamente” era hoje. Mas não é.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Concordo com o conteúdo da preocupação de V.Exas., mas discordo da forma como
V.Exa. pretende enfrentar o problema. Acho que não cabe ao conselho de Líderes
resolver isso. É solarmente evidente que esta convocação não vem preenchida dos
requisitos legais suficientes.
Então, solicito a V.Exa. que devolva o Ofício ao Sr. Prefeito,
esclarecendo ao Sr. Prefeito, que não entende, que não aceita a convocação
nestes temos. Que não aceita se for destituída da fundamentação legal e que só
aceitá-la-á quando ela vier - interrompo minha Questão de Ordem até que o Ver.
Hermes Dutra contradite-a publicamente...
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hermes Dutra está
falando com a Mesa sobre outro assunto. Foi um lapso.
O SR. WERNER BECKER: É que o Vereador estava
conversando com o Presidente quando este Vereador lhe dirigia uma Questão de
Ordem, mas foi lapso de minha parte e interpretação.
Então, quando ela vier com fundamentos legais... e que repila de plano
tal convocação, porque ela está desembasada dos preceitos legais, informando,
outrossim, que só aceitaremos se embasada. Se. V.Exa. indeferir minha Questão
de Ordem, recorro, imediatamente, nos termos do Regimento Interno, à Comissão
de Justiça.
O SR. PRESIDENTE: Exatamente por essas
questões, amanhã, às 14h, entraremos no assunto; amanhã, às 14h, deliberaremos
sobre o assunto.
O SR. WERNER BECKER: Dirijo-me a V.Exa. se
interpelar. Eu pergunto a V.Exa.: estamos, a partir de amanhã, em regime de
Convocação ou não? A partir de que horas? Então vamos decidir amanhã se nós
aceitamos o pedido.
O SR. PRESIDENTE: Sim, a partir das 14 horas.
O SR. PAULO SANT'ANA: Parece-me, e se eu estiver
equivocado algum Vereador pode me alertar, que Convocação Extraordinária é
regida pela Lei Orgânica e principalmente, no seu detalhamento, no art. 198 do
Regimento Interno. O art. 198 do Regimento Interno diz que a Câmara poderá ser
convocada extraordinariamente pelo Prefeito, indicados, no ato de convocação, o
prazo de duração da Sessão e a matéria a ser apreciada e votada. Embora eu seja
contra as convocações extraordinárias, a convocação do Sr. Prefeito está dentro
do Regimento, porque indica a matéria e o prazo de duração. Não há motivos para
que se rejeite a convocação ou se a ponha sob dúvidas.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Pediria, preliminarmente, a atenção da Sra. Secretária, para que fizesse
novamente a leitura do Ofício de convocação do Sr. Prefeito, tendo em vista a
Questão de Ordem levantada pelo Ver. Paulo Sant'Ana.
(É feita a leitura do Ofício.)
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Com esta preliminar, eu até desisto do restante da Questão de Ordem, porque não
vejo o Projeto na Casa. E o Projeto é um requisito fundamental, é o que a Casa
vai ter que analisar. Novamente o Prefeito Municipal atropela esta Casa.
O SR. NEI LIMA (Questão de
Ordem): Sr.
Presidente, entendo que a matéria está dirimida por V.Exa., inclusive com a
convocação das Lideranças, para amanhã, para uma reunião preliminar. Todavia, o
Sr. Prefeito Municipal teve até a gentileza de enviar este Ofício para evitar
gastos maiores por parte deste Legislativo enviando correspondência,
telegramas, fonogramas aos Vereadores, informando, na Sessão do dia 20, que dia
21 estaria convocada a Câmara. Temos plena certeza, Sr. Presidente, que amanhã,
ainda pelo período da manhã, o Sr. Prefeito Municipal enviará o competente
Projeto de Lei para apreciação, às 14 horas, pelas Lideranças desta Casa,
juntamente com as Lideranças e os demais membros da Mesa. Portanto, qualquer
Questão de Ordem que vier, a partir deste momento, é impertinente. Eu gostaria
que V.Exa. se ativesse ao horário da Casa, até pela Questão de Ordem levantada
pelo Ver. Werner Becker. Temos 01h05min para votarmos o próximo Projeto.
O SR. CAIO LUSTOSA (Questão
de Ordem):
Antecipando o meu voto, se esta matéria chegar à Comissão de Justiça, eu quero
dizer que não há dúvida do acerto do Ver. Paulo Sant'Ana, quando lê claramente
o que está no art. 191 do Regimento Interno, e que diz que o Sr. Prefeito
Municipal, no ato de convocação, indicará o prazo de duração da Sessão e a
matéria a ser votada. Não há exigência, nem regimental, nem da Lei Orgânica, de
que, no ato da convocação, se faça presente o processo a ser discutido e
votado.
O SR. ANDRÉ FORSTER (Questão
de Ordem):
Eu registrei, em minha primeira Questão de Ordem, apenas o fato de que não se
fazia acompanhar do Projeto. Não discuto os termos regimentais, nem os da Lei
Orgânica, que amparam o Prefeito a proceder uma convocação, anunciando os
Processos sem, entretanto, enviá-los. Mas quis deixar politicamente registrado
que este Projeto não veio. Em segundo lugar, dada a manifestação do Ver. Nei
Lima, aludindo à gentileza do Sr. Prefeito, eu pediria que os Srs. Vereadores
se dirigissem ao Sr. Prefeito em ofício, dizendo que somos extremamente gratos
à sua gentileza, à sua bondade para com a Câmara, fazendo esta convocação ainda
hoje, ao final da noite. Isto, sem dúvida nenhuma, nos deixa com devaneios em
relação ao Sr. Prefeito.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Entendo ilegal a Convocação Extraordinária, na forma desembasada com que foi
apresentada. Requeiro seja devolvida ao Sr. Prefeito a presente convocação e
que, querendo ele, a remeta de volta devidamente embasada.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
A Mesa aceita a sua Questão de Ordem, Ver. Werner Becker, e o que lhe faculta o
Regimento Interno de recorrer à Comissão de Justiça... Ocorre, no entanto, que
V.Exa. está inquirindo matéria futura que se corporificará após a meia-noite de
hoje, de maneira que esta Presidência, após a meia-noite, quando já estiver
convocada a Câmara, submeterá a Questão de Ordem de V.Exa. à Comissão de
Justiça.
O SR. WERNER BECKER: Pergunto se V.Exa. pode
submeter essa Questão de Ordem durante o tempo em que a Câmara está em
funcionamento.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Não há problema de qualquer espécie para encaminhar; acontece que há
Requerimentos urgentes para serem votados e tiraria o “quorum” neste momento.
Em todo caso, V.Exa. poderá, junto com o Sr. Presidente da Comissão de Justiça,
dar curso ao Processo.
O SR. WERNER BECKER: Acho que cabe a V.Exa.
encaminhar o recurso a quem de competência.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Peço ao Sr. Diretor Legislativo que, nos termos do recurso apresentado contra a
decisão da Mesa pelo Sr. Ver. Werner Becker, seja encaminhada a Questão de
Ordem à Comissão de Justiça.
Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Antonio Hohlfeldt,
solicitando licença para tratar de assuntos particulares no período de 21 a 30
de janeiro de 1987.
Em votação. (Pausa.) Os Senhores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Ainda, Requerimento de autoria do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando
seja o PLE n.º 25/86 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para
sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.)
O Sr. Werner Becker: Para encaminhar, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra V.Exa.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Srs. Funcionários da Casa, quero exercer, até a meia-noite de
hoje, todos os meus direitos regimentais. E quero chamar a atenção deste
Plenário que o costume de aprovar as Redações Finais sem interstício tem dado
problemas nesta Casa e principalmente neste caso onde tem Emenda. Não vejo por
que dispensar-se o interstício, porque, havendo Emenda, é direito e dever da
Comissão de Justiça apreciar se a Redação Final corresponde exatamente àquilo
que foi aprovado. Portanto, encaminho contra a dispensa do interstício. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrados os
encaminhamentos. Em votação. Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2631 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
EXECUTIVO N.º 10/86, que dispõe sobre o limite máximo de retribuição pecuniária e dá outras
providências, com Emenda.
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Em discussão.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Requeiro a V.Exa. que determine seja baixado em diligência o processo, em face
da complexidade do assunto. Por mais de 15 dias aguardamos informações do
Executivo. Depois das informações, entendemos que, por ser complexo o problema,
eis que não sei o número de pessoas que serão beneficiadas com a acumulação,
resolvi estudar melhor o problema. O acúmulo de serviço que tive não deu
condições de exarar o parecer ainda, em face à rotineira e repetida usada hoje,
de origem do Sr. Prefeito, complexidade de situação. Não tive, ainda, condições
de exarar o meu parecer.
Entretanto, se a Comissão de Justiça resolver requisitar o Processo,
imediatamente entregarei a esta Casa, deixando em branco o meu voto, com o
registro de que não me pronunciei em face da complexidade do assunto e de não
ter tido tempo para isso.
A SRA. PRESIDENTE: Nobre Vereador, na medida
em que o Projeto já está na Ordem do Dia, independente de ele ter parecer ou
não, está em processo de discussão, e os Vereadores que pretendem discutir o
mesmo necessitam do Processo. O Ver. Pedro Ruas já se inscreveu e solicitou à
Mesa o processo para discutir.
O SR. WERNER BECKER: Entregarei o Processo; peço
que a Mesa aguarde dois minutos.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa aguardará.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão
de Ordem):
Sr. Presidente, como há disposição do Plenário em votarmos favoravelmente, até
porque a maioria já conhece a matéria, pediria que fosse colocado em Discussão
e Votação, salvo se algum Vereador deseja encaminhar.
A SRA. PRESIDENTE: Ver. Pedro Ruas, V.Exa.
continua com o pedido de discussão? O Ver. Pedro Ruas desiste.
O SR. WERNER BECKER (Questão
de Ordem):
Em face do empecilho fático que suspendeu a Sessão exatamente por dois minutos,
eu peço que sejam prorrogados os trabalhos até a meia-noite e quatro minutos.
O SR. ISAAC AINHORN (Questão
de Ordem):
Eu só lhe pergunto se foi deferido este pedido. Só agradeceu, ah, porque me
parece que o Ver. Werner Becker, de repente, está definindo o horário que a
Sessão vai ou não vai terminar, em total desrespeito ao conjunto de Vereadores
que está aqui.
A SRA. PRESIDENTE: A Sessão encerrará conforme
o Regimento Interno desta Casa.
O Ver. Werner Becker se inscreve e está com a palavra, para discutir.
O SR. WERNER BECKER: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores e Srs. funcionários da Casa, o art. 2º do presente Projeto de Lei
Complementar, no § 2º do art. 1º, diz o seguinte: e peço atenção para este
detalhe, para que se veja como se sonegam, mais uma vez, informações a esta
Casa. O art. 1º diz: “Nenhum Servidor, ativo ou inativo, poderá perceber, em
média, durante o ano, e dos cofres do Município, importância superior à
remuneração de Secretário, assim entendida o subsídio acrescido da verba de
representação.”
§ 2º: "Nos casos de acumulação, os vencimentos ou proventos
correspondentes a uma e outra situação não se somam para efeitos de verificação
do limite estabelecido neste artigo.”
Não sabemos a repercussão fática orçamentária a que se refere o art.
2º. Pedi que baixasse em diligência o presente Projeto. O Sr. Presidente da
Câmara expediu ofício ao Prefeito, onde diz, aceitando a baixa de diligência:
“Solicito ao Executivo Municipal que informe, especificamente, o número e
qualificação de acumulações a que se refere o art. 2º deste PLCE, com a soma
discriminada, caso a caso, das respectivas acumulações. P.Alegre, 23.12.1986.
(a) Ver. W. Becker.”
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu queria saber quantas pessoas foram
beneficiadas por esta acumulação e a quanto atinge esta despesa. Depois de
exatamente 17 dias, o Executivo mandou a seguinte informação, que, reduzida,
disse que “não sabe quantas pessoas estão beneficiadas com esta acumulação e
não tem condições de afirmar.”
Vejam, ou é desorganização absoluta, total e completa no Executivo, ou
trata-se de uma evidente sonegação de dados.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Chamo a atenção para mais esta
desconsideração à Câmara de Vereadores ou então a esta falta de organização do
Executivo Municipal. Vamos, mais uma vez, com a nossa absoluta boa-fé, dar mais
um cheque em branco ao Sr. Prefeito. Vamos autorizar estas acumulações sem
saber quantos serão beneficiados e quem será beneficiado! E em quanto será
beneficiado? E qual será a repercussão orçamentária? Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, esta Câmara pode aprovar mais este cheque em branco; esta Câmara
pode aprovar mais esta nota ao portador, mas não será com o meu voto, porque
fui eleito nas regras da Constituição Brasileira como Vereador, com a
atribuição específica de fiscalizar o Executivo, que não fornece as informações
necessárias, não só do cumprimento das suas atividades, nem para a votação das
leis. Era esta a explicação que queria dar ao Plenário, e porque me demorei com
esse Processo, pois não posso acreditar que o Executivo não tenha estes dados,
e se, então, não tem, o caso é muito mais grave: é a desordem, a anarquia e o
caos encontrados na Administração Municipal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Com
a palavra, para encaminhar, o Ver. Werner Becker.
O SR. WERNER BECKER: Sra. Presidenta, Srs.
Vereadores, Srs. Funcionários da Casa, aguardo pacientemente que o Ver. Isaac
Ainhorn leia as informações do Executivo, e que pudesse ter eu cometido um
engano. Espero pacientemente que se desfaça este engano, informando se o
Prefeito forneceu as informações, na íntegra, requeridas. O nome das pessoas
beneficiadas com a acumulação, a quantificação que significa esta acumulação,
tanto individual, como a soma para o Município. Se não me equivoquei, estou
esperando a conferência do Ver. Isaac Ainhorn. Eu enfatizo a necessidade de
dizer que, se é para repassar todos os cheques em branco ao Prefeito, emitir
todas as promissórias ao portador, eu não sei o que estamos fazendo aqui, já
que não foi retificada a minha afirmativa pela recusa do Projeto. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Em votação o Projeto com
ressalva da Emenda. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO, contra
voto do Ver. Werner Becker.
Solicito ao Sr. Secretário que faça a leitura da Emenda.
(O Sr. Secretário lê a Emenda.)
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADA.
Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Cleom Guatimozim,
solicitando seja o PLE n.º 10/86 dispensado de distribuição em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Esgotada a matéria da presente Sessão Extraordinária, declaro
encerrados os trabalhos da mesma, convocando os Srs. Vereadores para a Sessão
Extraordinária a seguir.
Estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 23h18min.)
* * * * *